No mês de Maio temos a data cívica: 13 de Maio - Libertação
dos Escravos, marcando o fim da Escravatura no Brasil. Foram 300 anos onde a
economia do Brasil era totalmente dependente do trabalho escravo e no paralelo
a escravatura muitos negócios cresciam, como os Capitães do Mato, profissionais
especializados na captura de escravos e o lucrativo mercado do tráfico.
O tráfico foi suspenso por lei em 1831 e mesmo 15 anos depois de sua suspensão no Brasil 300
mil escravos foram contrabandeados. O negócio era tão lucrativo que mesmo com o
enceramento do tráfico pela Lei Eusébio de Queiróz em 1850 as negociações de
compra e venda de escravos eram feitas somente no “mercado interno”, comprovando que os interesses pela manutenção
da escravatura eram muito puramente financeiros.
Por fim em 13 de Maio de 1888, a Princesa Isabel, assina a
Lei Áurea e formalmente encerra a escravidão no Brasil, um dos últimos países a
manter a escravatura. Em que pese o ato marcante para nossa história, constam
em teorias não ensinadas em nossas Escolas que o ideal abolicionista da
Princesa não era a única intenção de seu ato, mas incluíam-se nele, a ideia de
melhorar a imagem do Brasil no exterior, em especial com seus parceiros
comerciais como a Inglaterra e no território Brasileiro, uma tentativa de
manter a ameaçada monarquia.
Nos meus tempos de estudante sempre foi difícil entender e
aceitar a escravidão e na ocasião estava no ar a novela Escrava Isaura (1976),
baseada no Livro de mesmo nome de Bernardo Guimarães publicado em 1875. Apesar
das cenas na TV não serem a realidade, toda a crueldade e desrespeito ao ser
humano eram marcantes, demonstrando que os fatos foram bem piores do que nos
ensinam.
Aproveitando a data de nossa história e sentindo toda a
tristeza de imaginar o sofrimento dos escravos, me transporto para os dias de
hoje e questiono: Será que estamos libertos?
Ao meu ver a Lei Áurea finalizou o trabalho sem remuneração
e nada mais. Os escravos em libertados tinham dinheiro para sair pelo mundo a
fora?
Não parece que vivemos hoje de forma semelhante aos recém
libertados escravos de 1888? Baixos salários, impossibilidade de locomoções, saúde
precária, falta de ensino e outros transtornos.
Será que estamos libertos?
Você já parou para pensar que não é assim tão livre como
parece? Talvez nem parou para pensar, pois é provável que não saiba o que é
liberdade.
O Filósofo Thomas Hobbes (Livro Leviatã de 1651) afirma que “liberdade
é ausência de impedimentos externos ao movimento” e daí conclui “um homem livre
é aquele que não é impedido de fazer as coisas de que tem vontade.”
Portanto se você não se encaixa no conceito de Hobbes não é
livre. E pode até me contrapor afirmando “Eu não sou escravo.”
E questiono: Você faz tudo conforme sua vontade?
É você é escravo sim. É escravo do tempo, do dinheiro, da
moda, da ambição, da novela, do celular, do facebook,... é melhor para a lista
aqui.
Somos sim escravos de um monte de coisas e muitas nem
percebemos. “Mas eu vivo bem assim. “ Você poderá me argumentar. E responderei:
“Eu sei.”
Essa escravidão a qual nos sujeitamos é muito mais além do
que podemos imaginar. Ela já vem de quando estamos nas entranhas de nossas mães
e já no nosso primeiro choro fora dela, tendo o choro como um ato de nossa
vontade, embora não entendemos de imediato, nos é dada uma ordem para parar
esse ato. E isso é só o começo de uma série de outros cerceamentos um volume
tão elevado que nossa próxima geração também os receberá e assim em diante.
Nós somos escravos a tudo, a todos e até a nós mesmos.
E não há caminho para libertação pois somos escravos a
pensar que somos livres e assim nunca iremos ter vontade de nos libertar.
Um abraço a todos
Citações históricas sobre a escravidão:
- FONTE: Viva Santos - Abolição em http://www.vivasantos.com.br/01/0103.htmF
- FONTE: Brasil Escola, em http://www.brasilescola.com/historiab/escravidao-no-brasil.htm
Foto:
- Lei Áurea - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, disponível em http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mssI48_17_42.jpg