Seja Bem Vindo

Este blog tem por objetivo expressar opinões, sentimentos, conselhos e emoções, como se estivesse conversando com amigos em um café ou em um descontraído boteco.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Então é Natal...




Nesta época não  há como escapar da canção interpretada por Simone, “Então é Natal, o que você fez...” Além do canto das cigarras, desde 1995 este é o som que chega junto com o Natal. Várias lojas, emissoras de rádio e uma grande variedade de meios de entretenimento seja por gozação ou por transmissão da mensagem de Natal, essa música sempre está no ar.

Desde seu lançamento foram vendidas quase 1,5 de cópias na versão brasileira e 2 milhões de cópias em espanhol. E embora você não tenha sido um dos compradores, certamente tem alguém na família ou um amigo dono de um CD desses.

Este ano tive a podemos assim dizer a oportunidade de ouvir a canção sem preconceito e de resistir até o seu fim.

Prestando um pouco de atenção já começa com o “O que você fez?” bem próximo de um dos traumas que nossos pais e toda nossa família e até mesmo toda uma sociedade colocam em nós quando crianças. Quem nunca ouviu a ameaça: “Comporte-se bem, seja bonzinho, senão... senão Papai Noel não vai te dar presente.”

É ou não é um bom trauma infantil e que depois de adultos o que fazemos? Transmitimos para nossos filhos, sobrinhos, afilhados, filhos dos amigos e até de inimigos.

Na sequencia a letra na versão em português nos trás uma mensagem de igualdade:

“Então é Natal, pro enfermo e pro são.  Pro rico e pro pobre, num só coração,. Então é Natal, pro branco e pro negro.”

No final temos:  “Harehama, há quem ama...” Não encontrei o significado de “Harehama” talvez seja um mantra. Contudo, traz uma mensagem de esperança por acreditar que ainda exista quem ama e aqui certamente é o amor ao próximo.

E bem no finalzinho “Hiroshima, Nagasaki, Mururoa...” mensagem de paz. Não há quem não entenda os nomes das cidades de Hiroshima e Nagasaki como sendo marcas da estupidez humana e da hipócrita afirmação de que só a guerra é que traz a paz.

E Mururoa? Essa eu pesquisei é um lugar nos arquipélagos da Polinésia Francesa onde eram realizados testes nucleares pela França.

Se foi Claudio Rabello o autor da versão brasileira ou se foi a própria Simone de forma espontânea ter adicionado esse final não sei, mas que a mensagem é de Paz, muita Paz isso não há dúvida.

Está vendo como vale a pena, mesmo que pareça tortura, ouvir uma boa música até o fim?

A propósito, o que vem depois de “Prepara...”?

Feliz Natal a todos.


domingo, 10 de novembro de 2013

Morte é Vida?





Em novembro é celebrado o Dia de Finados. Data para relembrar amigos, parentes e outros entes queridos falecidos. Neste dia visitamos seus túmulos, mini capelas e locais de suas cinzas. Enfim, neste dia parece que buscamos um encontro com que nunca mais iremos ver na sua forma humana. É dia de oferecer novas flores, velas, uma limpeza na lápide. Uma forma transcendental de carinho independente de credo, classe social e outros hábitos e costumes. Uma tentativa de oferecer um conforto material para quem jamais o receberá.

Então por quais motivos agimos assim nesse dia? Carinho? Saudade? Remorso? Uma tentativa de oferecer em morte o que não foi oferecido em vida?

No dia de Finados tem um outro ponto a ser destacado. Neste dia convivemos pacificamente e sem medo com quem mais tememos: a morte.

E por qual motivo tememos a morte, se ela é certa? Será a influência religiosa, onde muitas associam morte a fracasso? Será o nosso medo marcado pela angústia de como viverão nossos entes queridos com nossa ausência?

Desde crianças somos ensinados a temer a morte a ponto desse temor nos produzir a falsa sensação de que nunca morreremos e a considerar um forte tabu a sua discussão.

Para Heidegger, Filósofo Alemão do Século XX, a morte plenifica a existência. Na Revista Filosofia de Outubro 2013, no artigo “Sobre a Necessidade de Morrer”, os Professores de Filosofia Mateus Ramos Cardoso e Wellington Lima Amorim destacam: “A morte não deveria ser vista como uma surpresa, mas como uma possibilidade sempre presente em nosso cotidiano, uma vez que ela ocorre dentro do mundo, ela vem ao nosso encontro e nós vamos ao encontro dela.” Eles também reforçam: “Não falar da morte não faz você mais imortal.”

Para Schopenhauer, Filósofo Alemão do Século XIX “Por mais temida que seja, a morte não pode ser um mal.”

Na minha opinião, antes de encarar a morte, precisamos estar cientes de nossa finitude. Encarar essa condição com naturalidade e não fugir das discussões sobre morte, não deixar de tratar assuntos que só podemos resolver vivos, não deixar de registrar a quem vive com você questões importantes para sua pós morte, como por exemplo ser ou não cremado, doar ou não órgãos.

Quem sabe se ao refletirmos sobre a morte não nos tornemos mais vivos.


Foto: Arquivo Pessoal tirada em 2012 durante minha visita a Cripta da Catedral da Sé (SP) cultura em mármore: Jó, o afligido do Senhor, por Francisco Leopoldo.

domingo, 29 de setembro de 2013

Se Conselho fosse bom...


Um dos indicativos de que estou ficando velho é o número de vezes que sou abordado para dar um conselho.

Mas, o que me concede uma autoridade para aconselhar e opinar sobre escolhas de outros?
Em geral recorremos a conselhos quando a dúvida é grande e estamos inseguros quanto as consequências das decisões que estamos para tomar.

Quando me pedem um conselho a primeira coisa que sinto é uma grande responsabilidade pelo impacto que a minha orientação poderá causar na vida daquela pessoa. Por outro lado sinto uma grande honra e a confirmação de que estou ficando com o “jeitão” de um senhor confiável e agradável.

Para Thomas Hobbes, filósofo inglês em seu livro Leviatã 1651, “Por mais capazes que os conselheiros sejam em qualquer negócio, o benefício de seu conselho, ao dar sua opinião a uma pessoa, é maior quando explicam suas razões.”

Embora Hobbes se referia a conselheiros escolhidos por governantes com o intuito de contribuírem com seus governos e na solução de conflitos não previstos em leis, associo o papel desse conselheiro quando somos convocados por alguém que confia em nós.

Contudo, será que todo conselho é bom?

Para Maquiavel, pensador do século XVI, “Um príncipe, portanto, deve sempre buscar conselho, mas apenas quando ele o quer, não quando o querem os outros.”

Então será que é sempre bom, ou só é quando queremos? Será ainda melhor se o conselho coincidir com o que estamos tendendo a decidir.

Na Revista Filosofia de Setembro/13 temos o artigo “Um desprendimento impossível” de André da Silva Bueno, sinólogo e Doutor em Filosofia, há um destaque:
“Precisamos nos desprender das coisas materiais; mas como, se são elas que nos sustentam?”

Então de adianta dar esse conselho para alguém?

O bom conselho então seria aquele onde são colocadas alternativas, mas sobretudo, aqueles que provocam a pessoa a refletir sobre os aspectos e consequências de sua decisão e mais do que isso assegurar confiança suficiente para ir frente.

Agora, se alguém que buscasse a glória pedisse um conselho ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche, este diria “Renuncia a vaidade, se aspiras verdadeiramente a glória.”; será que este conselho seria seguido?

Concluindo, conselho pode até ser bom, mas exige uma grande carga de responsabilidade. Mais do que isso, se você concede um conselho é porque lhe atribuíram uma autoridade a qual você nem sabia que a possuía. Quando pede, está concedendo essa autoridade a alguém na qual você tem uma enorme confiança.


Conselho é bom, contudo, vale destacar o que o filósofo Sêneca, nascido em 4 a. C. afirmou: “É inútil dar conselhos à um sábio e aconselhar um ignorante é perca de tempo.”

Foto: Arquivo Pessoal: Uma tarde no parque Trianon, Av Paulista - setembro/2012.

sábado, 14 de setembro de 2013

Heróis usam máscara. Bandidos também.



As manifestações populares que iniciaram em Junho deste ano já perderam seu principal objetivo que era de transmitir a insatisfação com as ações do Governo. Em momento algum essas manifestações eram contrárias ao Governo seja do âmbito Federal, Estadual ou embora tenha sido seu início, no Municipal.

Renato Nunes Bittencourt, Professor de Filosofia da UERJ, destaca em seu artigo A Força Multiplicadora da Multidão, publicado na Revista Filosofia de Agosto/13 “A multidão evidencia a crise da representação política em um momento histórico no qual as legendas políticas se afastaram das suas propostas fundamentais.”

A multidão esconde o sentimento e desejo individual e passa a ter uma representação e vontade própria, como afirmava  o Filósofo Jean Jacques Rosseau  (1712-1778), “Quando muitos homens reunidos se consideram como um só corpo, têm uma única vontade que ser refere à comum conservação e ao bem estar geral.”

Contudo, a sociedade brasileira é traumatizada pela Revolução de 1964, talvez por ter sido a última, pois antes dela outros conflitos populares formam nossa historio. De qualquer forma direta ou indiretamente somos todos influenciados por 1964. Os atuais governantes eram jovens nessa época e são medrosos com a comparação de ditador caso suas ações sejam contra a liberdade.

Liberdade que nunca existiu entre súditos e governantes e nunca existirá. Se concordarmos com Thomas Hobbes (1588-1679), como sendo Liberdade a ausência de empecilhos externos que podem tirar parte do poder de cada um de agir como quiser, então definitivamente não somos e nunca seremos livres.

A maior prova de não liberdade são as próprias leis que existem para garantir não as liberdades de expressão e sim para garantir que a liberdade individual não irá causar a subtração de seus bens ou a sua morte e de seus entes queridos. Quando um assassino age com a liberdade que ele considera ter, na prática ele está quebrando as leis do convívio social e será julgado e condenado para que outros não repitam. 

Assim, é até contraditório, mas quanto menos livre o homem é, melhor é para a sua própria sobrevivência.

Cabe, portanto, ao Estado nos proteger. E é aqui com ou sem trauma de revoluções que entram os conflitos paralelos das atuais manifestações.

O Governo é contratado por seu povo para controlar o individuo no povo, pois também conforme Hobbes, se cada um fizer tudo aquilo que tem direito, reinará a guerra entre os homens.

Apesar disso, as opiniões e a posição de cada indivíduo no momento atual o levam a julgar que o Governo na sua função de proteger a ordem geral está sendo mais ou menos violento. E quem representa essa ação é a Polícia, amparada por um conjunto de Leis. Quem estabelece as Leis são representantes eleitos pelo povo. Em suma, o povo faz as Leis que tiram sua liberdade.

Mas, ao meu ver, o que estamos assistindo não é mais a manifestação da multidão e sim lampejos de desejos individuais em nome dessa Liberdade que levam a atos de vandalismo e ainda mais, a buscar justificativas vazias para tais vontades individuais.

Entre essas justificativas, a de “heróis usam máscaras” um protesto contra a recente Lei que proíbe o uso de máscaras nas manifestações é uma das frases mais vazias e sem substância para justificar o ato contrário a Lei que mantém a ordem social.

Os heróis de máscara são personagens de lendas e estórias, dos quadrinhos e dos meios de entretenimento que talvez tivessem e tenham por objetivo despertar em cada um desde a esperança até a confiança em si mesmo através de uma nova imagem no mesmo espelho.

Por outro lado, bandidos usam máscaras para obstruir sua identificação pois sabem que estão fazendo algo ilícito e não querem julgamentos e penalizações por isso, e pretendem assim a continuidade das ações marginais as leis.

Porém se por um lado temos o temor do abuso do poder militar na manutenção da ordem, despertando os brados anti opressão mesmo diante de um Governo legitimamente não autoritário e regido pela democracia, por outro também não podemos fazer de nossas mãos instrumentos de destruição da coisa alheia e buscar para esses  atos um apoio fraco e vazio com frases de expressão que mais servem para marketizar o ato marginal do que para legitimar a sua ação.


O que nos rege, gostando ou não são leis e não frases que nada identificam e por vezes são vendas para o nosso pensar.


domingo, 1 de setembro de 2013

Você sabe com quem está falando?



Na Constituição Brasileira, somos todos iguais perante a lei. Mas, o que não é igual são os advogados contratados pelos brasileiros.

Esta diferença entre os advogados que você pode contratar é uma das formas do “Você sabe com quem está falando?”  que é na minha opinião a realidade de muitas sociedades, incluindo a nossa.

Você não é igual a todos. E mesmo que fosse, tem muita gente querendo ser e se achando ser superior a você.

Embora você não escute palavra por palavra a frase “Você sabe com quem está falando?” com certeza você ouve essa frase todos os dias e em várias situações.

Seja um político saindo ileso de uma condenação criminal, seja um manifestante danificando patrimônio alheio, seja um superior hierárquico, seja um estranho considerando ser superior a você, e muitas outras situações, cá entre nós, você ouve essa frase, mesmo quando não proferida palavra por palavra.

E o que você sente ouve? Ódio? Temor? Sentimento normal. É tão normal que para o Filósofo Nicolau 
Maquiavel declarava “É melhor ser temido do que ser amado.”

E não estou aqui querendo bancar o coitadinho. Com certeza, em algumas situações também nos colocamos em posição superior a de alguém e transmitimos a frase “Você sabe com quem está falando?”

O Sociólogo Roberto da Matta, em seu Livro Carnavais, Malandros e Heróis, registra que essa “mania” ocorre em todas as classes, destacando seu estudo onde até empregadas domésticas se utilizam dessa fórmula, identificando-se como suas patroas, colocando-se num ponto acima das pessoas, na base do “Eu trabalho para a Dona Tal.”

É evidente que se nitidamente alguém sabe ou sente é superior socialmente a você, seja qual for o tipo de relação tenham, as chances de você ser humilhado é bem maior.

Eu em particular, tenho plena certeza de que se fosse de uma classe social superior a que atualmente ocupo seria muito mais respeitado. E aqui não importaria o quão sou bom como pessoa ou como profissional. Bastaria ser de uma condição social considerada “alta” para ser mais respeitado.

Eu aposto com quem quiser, que quem tem situação social de alto nível se preocupa com o ditado popular: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo.”

É frases como “Quem você pensa quem é?”, “Onde você pensa que está?” além de muitas outras que ouvimos e sentimos diariamente para nos “enquadrar” na posição inferior de quem está lhe dizendo.
E com um triste detalhe:  Por melhor que seja a Legislação Brasileira, que prevê indenizações por danos morais e outros argumentos a seu favor, até você conseguir provar que está sendo humilhado é difícil. Em geral, o seu “humilhador” é cuidadoso ou “joga” com sua incapacidade de enfrentá-lo.

E também não vem aqui o caso de que Deus julgará, ou outras situações divinas. Não existe uma regra de castigo divino para um humilhador alheio.

O que existe é uma grande guerra não declarada por poder e cobiça, por vontades materiais das mais variadas formas, seja por assaltante na rua dizendo “É um assalto.” seja por um estranho dizendo “Você sabe com quem está falando.” seja por um superior no seu trabalho, dizendo “Eu estou mandando.” 

Estamos sempre sendo vítimas e as vezes o agente humilhador nessa complexa sociedade de classes e desse jogo pelo poder, seja ele do tamanho e da abrangência que for.


Quem sabe as pessoas abandonem essa guerra social e atendam as ideias do Filósofo Boécio (475-525) que dizia: “Riquezas, poder e honra não tem valor, pois podem ir e vir. A felicidade deve vir de algo mais sólido, algo que não pode ser levado embora.”

Foto: Capa da Revista Veja de Junho de 2009.

domingo, 25 de agosto de 2013

Verdade ou Mentira.




“Meu pai um dia me falou para que eu nunca mentisse. Mas ele também se esqueceu de me dizer a verdade” Este é um trecho da música Traumas de Roberto Carlos. Mas, o quanto nossos pais sabem sobre a verdade?

Seriam eles os nossos orientadores e formadores da verdade?  Quem nos garante a ausência de conveniências e sim a presença da mais pura verdade? O quanto é formado de verdade aquilo que aprenderam como verdade?

Além de nossos pais, temos um complexo sistema de influenciadores no nosso conceito de verdade e no seu inverso, no conceito de mentira. Esses influenciadores são todos os Educadores e Professores em nossas vidas, Orientadores Espirituais de qualquer religião que por ventura estamos inseridos, Políticos, Governantes, Mídia de todas as formas,

Você já parou para pensar que tudo o que nos foi passado até agora como verdade pode ser uma grande mentira?

Considerando que a Filosofia é o estudo de questões relacionada a nossa existência e à verdade não é de se espantar que muitos Filósofos foram mortos e banidos de seus meios sociais, em especial, pelo fato de que as questões filosóficas buscam respostas na razão e não em revelações divinas.

Você não precisa ser Filósofo para iniciar seus questionamentos sobre nossa existência. Em geral muitos de nós sempre fizemos nossas perguntas. No entanto, com o passar do tempo ficamos inibidos com a sua elaboração e também desanimados com as respostas que encontramos. Quantas vezes essas respostas 
foram: Isso não pode. Isso não é correto. Não é assim que se faz. Esse assunto não te interessa.

Esse complexo sistema de influenciadores o qual entendo existir para uma formação condicionada em nós sobre o que é verdade ou mentira mais se parece como uma droga de alienação.

Entendo que nossos pais não sabem o quanto nos prejudicam. Eles apenas nos transmitem o que receberam.  Para o Sociólogo Peter L. Berger em seu Livro de 1963, Perspectivas Sociólogicas, as gerações são reféns da geração anterior.

Além disso, certas verdades são aceitas devido ao conceito de “verdade por autoridade”, ou seja, basta acreditar que algo tem de ser verdade somente pelo fato dela ter sido dita por alguém que você acredita ser a autoridade no assunto.

Aristóteles, não o Filósofo e sim o famoso magnata grego nos anos 60 e 70 Aristóteles Onassis, teve a ele atribuída a seguinte frase: “Não ser descoberto numa mentira é o mesmo que dizer a verdade.”

Essa questão de verdade e mentira é muito polêmica e muitas vezes nem percebemos. Quer ver?

Ninguém  discute que os nazistas foram assassinos e causaram a morte de 6 Milhões de Judeus. A primeira verdade que a maioria nos passam é que os nazistas só mataram judeus. Mas, os judeus não foram suas únicas vítimas. Também estão incluídos de 200 mil a 500 mil ciganos e 275 mil alemães considerados doentes incuráveis.

Em relação aos nazistas, também não discussão e isso é aceito como verdade, ter sido o holocausto o maior crime contra a humanidade.

Em um ranking dos maiores crimes contra a humanidade em 8º lugar está a morte de 200 mil bósnios pelo exército sérvio, em 9º lugar 150 mil timorenses pelas milícias da Indonésia e em 10º lugar a morte pelos alemães de 65 mil hererós e 10 namquas na região onde hoje fica a Namíbia.

E onde fica classificada a morte de 140 mil japoneses em Hiroshima e 80 mil em Nagazaki? Somando essas duas cidades e sem contar com os que morreram pela radioatividade nos anos seguintes passamos dos 220 mil. Então no mínimo deveria constar em 8º desse ranking.

E outra questão, algum general americano, inglês ou canadense já responderam por crimes contra a humanidade por conta do lançamento das bombas atômicas no Japão?

Então nos passaram a verdade de que matar 220 mil japoneses era o correto. Então as demais mortes também estariam corretas.

Aqui o conceito de verdade é totalmente influenciado onde geográficamente você nasceu. Portanto, não há como afirmar o que é uma verdade, o que é uma mentira e muito menos diferencia-las com base em tudo que nos ensinaram até hoje.

Na questão religiosa cristã, quem nos garante que de fato Deus falou a Moisés. Aqui você acredita pois você acreditou na autoridade de quem transmitiu isso a você.

O Filósofo Thomas Hobbes, no seu Livro escrito em 1651, Leviatã, manifestava a sua preocupação com o ensinamento do que ele chamava de falsa filosofia, pois possuía o dom de não apenas esconder a verdade, mas também de fazer os homens pensarem que já a encontraram, e desistirem de continuar a buscá-la.

Você já parou para pensar que muitas histórias falsas e incertas fazem parte da sua formação, dos seus valores?

O que será verdade? Este texto é uma verdade? O que você tem como verdadeiro e ensina como verdadeiro é a verdade?

Essa é uma daquelas discussões que não terão fim no curto prazo e a exemplo de uma doença incurável precisamos saber como conviver com ela e quais remédios e ações devemos adotar para conviver e administras as influências dos sintomas dessa doença.

O que fazer então? A sugestão que ouso dar é:  cautela em aceitar tudo o que nos colocam como verdade e saber administrar os conceitos e suas influências em nossas vidas e lembrar da afirmação do Nietzche  “As convicções são inimigos da verdade bem mais perigosos que as mentiras.”

Por fim, seja cuidadoso com as verdades e com as mentiras definidas em você.


Fontes de consulta:

Foto: Ilusão de ótica disponível em www.tecmundo.com.br  Será que o fundo está girando? Está parado? E o meio da ilustração? Na verdade, está tudo parado, mas devido à disposição das esferas, a sensação que temos é de que está acontecendo uma movimentação de todo o material. Então o movimento que você vê é mentira.

domingo, 18 de agosto de 2013

A Dicotomia da Chicana



Esta semana a grande maioria dos brasileiros conheceu uma palavra escondida em nosso vocabulário: “Chicana”. A palavra pouco conhecida foi utilizada pelo atual Presidente do Supremo Tribunal Federal o Ministro Joaquim Barbosa e o Vice Presidente do STF, Ricardo Lewandowski

Na sessão do STF da última quinta feira, em meio ao debate Lewandowski sugere interromper a discussão sobre o recurso do ex deputado Bispo Rodrigues,  para reiniciá-la na semana seguinte quando então Barbosa foi contra.

“Presidente estamos com pressa de quê? Nós queremos fazer justiça.” Argumentou Lewandowski.
“Nós queremos fazer nosso trabalho. Fazer nosso trabalho e não chicana.” Contra respondeu o Ministro Barbosa.

Por mais estranha que a palavra possa parecer a sua utilização aqui foi no sentido de dificultar o andamento de um processo. Apenas isso, nada mais.
Contudo, como vivemos num momento político de dicotomia do grupo do “bem” e do grupo do “mau” e também pelo fato de que entre os réus da ação do Mensalão no STF estão presentes membros do grupo do “bem” a palavra “Chicana” ganhou dimensões acima do seu significado jurídico.

E lá se foram manifestações a favor do Barbosa e a favor do Lewandowski. Evidente que cada manifestação motivada não somente pela simpatia mas também pela preferência política de cada um em relação ao réus do mensalão.

Afinal, se você é membro do grupo do “bem” então você pode fazer de tudo para se perpetuar no poder. 
Pode até mesmo pagar uma mensalidade a sua base aliada. Você é do “bem” e pronto.

Aliás, essa dicotomia a qual somos sujeitos é ótima para nossos governantes sejam eles de que partido for. 

É muito comum agora nos separar em “menos favorecidos” e “mais favorecidos”, “miseráveis” e “não 
miseráveis” e também temos a dicotomia temporal: “Nunca antes na história deste país” como se nada de bom aconteceu em nosso País nunca antes do nunca antes.

Apenas um fato antes do nunca antes: O FGTS foi criado em 1966.

Agora a discussão da “Chicana” será aproveitada por outra dicotomia os que amam Barbosa e os que odeiam Barbosa.

E também dará oportunidade para outras entidades como a AMB – Associação dos Magistrados do Brasil que em nota repudiou a ação do Ministro Barbosa. No entanto, da mesma forma que a AMB critica que a atitude de Barbosa não contribuiu para o julgamento, ela também deveria ser mais isenta e identificar se de fato Lewandowski não praticou a “chicana” utilizando um pseudo argumento para dificultar e prorrogar o tempo do julgamento do mensalão.

Aqui entre nós , mesmo que os membros do Grupo do “Bem” do “nunca antes neste País” sejam condenados, duvido e até aposto com quem quiser que qualquer um deles passará se quer 3 noites seguidas na prisão.

Enfim, o que mais preocupa não é a palavra “chicana” aliás ela nunca fez falta para a maioria de nós no uso do nosso vocabulário, mas sim o seu uso inadequado e nada além disso. Em uma linguagem popular de futebol “chicana” é o mesmo que fazer “cera” só isso.

O que não podemos é aceitar que seja mais um argumento para dispersar a atenção de nossa população que através das discussões das sessões do STF sobre o mensalão percebeu que o País não está dividido em apenas dois grupos e que a história do Brasil não é, nunca foi e nunca será dividida entre nunca antes e após nunca antes.

Não podemos nos sujeitar e nos enquadrar em um dos argumentos do Sociólogo Brasileiro Roberto Da Matta em seu livro Carnavais Malandros e Heróis, publicado em 1978, ou seja, bem antes do nunca antes, onde registra: “Pode-se dizer que tanto bandidos quanto malandros ou renunciadores trazem para a luz do dia as possibilidades de realizar um caminho criativo, mas invertido, dentro a estrutura social”.

Aqui não estamos em defesa do Barbosa ou do Lewandowski, o que queremos é justiça, se os réus forem culpados que sejam condenados, se forem inocentes que sejam liberados das penalidades.

Mas na minha perspectiva os réus do mensalão estão cientes de seus atos e mesmo condenados por suas próprias consciências estou certo de que seguirão o conselho de Maquiavel em seu Livro o Príncipe do Século XVI: “A prudência, ela, consiste em saber-se reconhecer a extensão dos inconvenientes e tomar por bom o que é menos ruim.”

A nossa história é muito mais rica e nosso futuro é muito mais abrangente do que apenas uma divisão entre o que nos informam ser o “bem” e o que nos informam ser o “mau”.

Quero dedicar este texto a um amigo que embora sua opção política e futebolística é uma dicotomia em relação as minhas preferências para mostrar que como seres humanos estamos acima de simples classificações, Marcos Roberto Lupis este texto é dedicado a você e nossa amizade.

Fontes de pesquisa:
  • http://g1.globo.com/politica/mensalao/noticia/2013/08/barbosa-acusa-lewandowski-de-fazer-chicana-e-ministro-cobra-retratacao.html
  • http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1327463-associacoes-de-magistrados-criticam-joaquim-barbosa-por-discussao-com-lewandowski.shtml
  • http://www.dicio.com.br/dicotomia/
Foto: www.opovo.com.br

domingo, 11 de agosto de 2013

Dia dos Pais



É comum ao ser humano pensar e até acreditar que todos vivem como ele individualmente vive e até mesmo o que sente em termos do conceito de felicidade.

Este sentimento que de individual fica cego para o coletivo é mais comum em datas comemorativas: Natal, Ano Novo, Dias das Mães e como o de hoje no Brasil: Dia dos Pais.

De imediato, se temos nosso pai vivo, nos espantamos com que já não o tem. Se ao contrário, não temos mais nosso pai vivo, além da tristeza chegamos a questionar o que estão comemorando?

Para o torcedor corintiano, Marco Aurélio, preso na Bolívia desde fevereiro e libertado recentemente junto com os outros torcedores presos, este com certeza será um inesquecível Dia dos Pais.

Para o pai do Kevin, jovem morto em Oruro, o Dia dos Pais, comemorado na Bolívia em 19 de Março, foi de esquecer e difícil de passar, pois foi o primeiro sem seu filho.

O que dizer diante desses opostos? Hoje é dia de festa em família, não é?

Limbert Beltran, o pai do Kevin, jamais terá um dia sequer para comemorar algo sem presença dor da ausência do filho.

No Fantástico da Globo no último domingo, o Sr Limbert declarou “Os sete anteriores nos magoaram muito porque saíram como se tivessem ganhado a Copa do Mundo, bandeira brasileira, pulando, gritando, e isso doeu. Que estes cinco quando sairem, saiam alegres porque estão tendo a sua liberdade, que se reencontrem, chorem, porque vão encontrar com suas famílias, mas que não exagerem. Eles serão consolados, vão encontrar os que amam. Mas eu não, já não tenho nada”.

Em tempo:  é difícil escrever algo envolvendo futebol, talvez se corintiano fosse, minhas palavras fossem mais comedidas. Não quero que parecer anti corintiano. Provavelmente se tivessem sido os torcedores do meu São Paulo, meu texto seguisse esse mesmo caminho. O meu posicionamento tem sido no sentimento do pai. Aqui também não estou considerando o Sr Limbert um santo e isento a outras culpas. Aqui me detendo ao sentimento de pai, só isso.

O Sr Limbert tem sido muito equilibrado frente a sua perda. Por outro lado, nossos representantes da mídia praticamente transformaram os corintianos presos como coitadinhos.

Os torcedores presos culpados ou não, são de longe coitadinhos. Eles não representam a nação corintiana, e tão pouco a Nação Brasileira. Não são heróis e portanto não fica adequado descrever o que passaram como “a saga”.

É evidente que o responsável pelo disparo que matou Kevin não o teria feito se soubesse de antemão as consquencias de seu ato. Porém, parece que na sequencia o que se viu foi algo parecido com o que o Prof de Sociologia da Universidade da Califórnia, Erving Goffman discute em seu livro A Representação do Eu na Vida Cotidiana, publicado em 1959, para proteção da comunidade assistimos a uma grande encenação onde desviamos do assassinato para o precisamos salvar a nação brasileira contra as maldades bolivianas e tendo como grande final a triunfante chegada dos últimos presos.

O pior é ter de ouvir um jornalista formador de opinião, profissional de uma das maiores emissoras de rádio do Brasil, corintiano, insinuar que para a família de Kevin o caso era simples de ser resolvido com o pagamento dos US$ 50 mil.

Esse jornalista que está tendo seu primeiro Dias dos Pais junto a seu filho recém nascido, no mínimo foi sem noção de sentimento de perda e respeito ou foi cego pela paixão do futebol.

O ainda pior é nos colocar a idéia de que estes são os todos os brasileiros presos no exterior.  De acordo com o artigo da repórter da Agência Brasil, Renata Giraldi, repórter,  publicado no dia 07 de maio de 2013, são 3.078 este número na ocasião considerava os 12 corintianos.

Alguém contou isso para antes para você? 

Quem está ajudando esses brasileiros? De acordo com recente pesquisa divulgada no Globo Esporte, cerca de 35% dos entrevistados eram corintianos. Se aplicar esse percentual aos 3.078 presos teremos em torno de 1.000 corintianos. Será que recebem uma fiel ajuda nos custos com advogados? O Governo Federal certamente trabalha em todos esses casos com a mesma força dedicada aos presos na Bolívia, ou eles precisam suplicar ao Suplicy?

Todos os torcedores corintianos presos na Bolívia agora estão soltos. Aliás, que seriam soltos eu mesmo já havia previsto no meu texto “Limbert Beltran, o condenado da tragédia de Oruro” publicado em 07 de Abril de 2013.

O que não podemos é aceitar que a partir disso todos os Pais, no mundo inteiro, agora estão felizes e todos os problemas e injustiças acabaram.

Precisamos sim, comemorar todas as datas bem como celebrar todo o dia de vida que temos, mas não baixar a guarda da nossa atenção ao que nos cerca e ter sempre alerta o nosso “desconfiômetro”.

Dedico este texto ao meu querido pai, Sr Salvador Henrique Martins, pai de 5 filhos, que lhe presentearam com 7 Netos e 2 Bisnetos. Dedico também à memória do meu sogro, Sr Jaworski Tadeusz,  pai de 5 Filhos, 4 Netos e 2 Bisnetos.

Foto: meu arquivo pessoal.

Fontes de consulta para este texto:
  • Agência Brasil: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-07/mais-de-3-mil-brasileiros-estão-presos-no-exterior-maioria-na-europa
  • www.boliviacultural.com.br

domingo, 4 de agosto de 2013

Deus Existe?



O principal objetivo do meu texto “O Papa, as Tetas e o Secador de Cabelos” era questionar o motivo de manifestações sem sentido e a falta de respeito a um grandioso evento e a uma autoridade religiosa. 
Entretanto, a menção do ateísmo, provocou uma manifestação relacionada a Deus. E evidente que não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para elaborar um texto com o questionamento: “Deus existe?”

Antes de iniciar, considerando a vasta gama de religiões e crenças, vamos delimitar sobre qual Deus está em questão. O Deus em questão é o do Judaísmo, Islamismo e Cristianismo. O Deus Criador do céu e da Terra, que defende o bem, combate o mal e interfere no mundo por meio de milagres.

A existência ou não desse Deus está em vários e vários anos e este texto não pretende por um fim nessa discussão devido a sua complexidade e também concordando com  São Tomás de Aquino, Padre, Teólogo e Filósofo (1221-1274) que dizia: “Para quem tem fé a explicação não é necessária. Para quem não tem fé, nenhuma explicação é suficiente.” Aliás, esta afirmativa é suficiente para não se discutir mais o tema.

René Descartes, Filósofo Francês (1596-1650) defendia que a verdade passa pelo crivo da razão e por isso se a razão não aceita alguma coisa esta não é verdadeira. Para ele a única coisa verdadeira é o pensamento. Ele também defendia que perfeição nasce da razão e portanto, a existência de ideia de perfeição nas nossas mentes seria a suficiente para crer na existência de um ser perfeito que podia ser chamado Deus.

Para o Filósofo Inglês, Thomas Hobbes, (1588-1679) adotava o conceito de materialismo, assim se algo é incorpóreo, então há negação de sua existência. Na leitura de seu livro Leviatã de 1651, a questão de existência de Deus, na minha interpretação parte do fato de se acreditar que esse Deus falou com Moisés, e na sequencia tivemos as Sagradas Escrituras, com isso, também era necessário acreditar que tais eram mesmo Sagradas. Além disso, é fundamental acreditar nas pessoas que divulgavam os ensinamentos destas Escrituras. Assim, na minha interpretação, a existência de Deus está na decisão de acreditar ou não acreditar.

O Filósofo Holandês Baruch Espinosa (1632-1677) defendia que Deus e Natureza são a mesma coisa. Com isso, todos somos partes de Deus, mas também as pedras e as formigas. Essa sua crença não foi bem aceita na sua época, sendo até expulso e excomungado pelo Rabino de sua sinagoga quando tinha 24 anos.
O episódio na vida de Espinosa me leva a acreditar que a discussão sobre Deus está sujeita a interferências da cultura  e da influência religiosa da época de quando ela é feita.

O outro lado da discussão, a não existência de Deus, por ironia, também depende da decisão de acreditar, uma vez que a ciência não reúne prova  para essa tese.

No site da  ATEA – Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, encontramos o conceito que adotam para Ateísmo e para o Agnosticismo. O ateísmo é em resumo a ausência da crença em quaisquer divindades. Entendo aqui então que a descrença é para tudo que seja denominado Deus e não somente ao que estamos discutindo.

O conceito da ATEA para o Agnosticismo  é a afirmação de desconhecimento a respeito da veracidade de uma proposição. O Agnóstico afirma que a questão da existência de divindades ainda não foi ou não pode ser decidida e embora esse conceito possa ser utilizado para qualquer afirmação, aqui é específica na questão de divindades.

Afinal Deus existe ou não existe? Difícil de responder não é? Eu em particular após diversas leituras filosóficas, tendo a acreditar que Deus é um ser perfeito o suficiente para não ser por vezes assim, tão perfeito. E isso para dar a chance de cada um que acredite Nele, ser parte Dele. Esta minha teoria é influência pelo conceito da Igreja Católica sobre a Santíssima Trindade que é Deus Pai, Filho e Espírito Santo. A partir do conceito de que Jesus Cristo, filho de Deus se fez homem e que todos somos filhos de Deus, então somos parte da Santíssima Trindade e nada nos impede de acreditar que somos Deus, ou que pelo menos Deus está em nós.

Contudo, ter Deus em você não o define como um ser perfeito. Assim, essa nossa imperfeição humana é o suficiente para não acreditar que não podemos ser Deus e daí, tomando os ensinamentos religiosos, podemos concluir de forma lógica, que Deus não existe.

Parece que voltamos a estaca zero da discussão.

Em 1972 o Grupo Os Mutantes, aquele mesmo da Rita Lee lançou a Balada do Louco, (Arnaldo Baptista e Rita Lee) esta música vem mais em nossa mente na voz do Ney Matogrosso, com o refrão “Eu juro que é melhor não ser um normal, se eu posso pensar que eu sou Deus.”

Desse refrão posso inferir que para acreditar na idéia de eu sou Deus, então preciso ser anormal. Curioso, não é?

Por mais que busquemos explicações o que temos como resposta é nossa decisão de acreditar ou não. Fora isso, não há nada que explique ou suporte tanto o conceito de existência quanto o conceito de inexistência.

Para a Romancista e Filósofa Americana Rebecca Goldstein, atualmente com 63 anos, em entrevista para a revista Veja em 2011 na divulgação do seu livro “36 Argumentos para a existência de Deus ou contra” lançado nesse mesmo ano, sobre discussão da crença ou descrença em Deus.

"Os ateus têm que acabar com o pedantismo. Eles não têm que ensinar como as pessoas religiosas devem pensar"

"As pessoas religiosas têm que parar de pensar que ateus são imorais e não sabem a diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado"

Essa discussão não terá fim, prova disso é que sobre o tema iniciei com São Tomas de Aquino, nascido em 
1221 e encerrei com a Rebecca, nascida em 1950, exatos 729 anos de diferença entre eles.

E já que a discussão não tem fim o que nos resta é adotar o respeito com as decisões de escolha de cada um e não ter adotar a resposta a essa questão como a definição do caráter de alguém, pois na verdade nem todos os crentes de Deus são praticantes de seus ensinamentos e por outro lado não é correto afirmar que todo criminoso não tem Deus no coração.

Foto: Meu arquivo pessoal, tirada em São Paulo, pôr do Sol em Janeiro de 2013.

Fontes de apoio: Discurso do Método Rene Descartas, Leviatã Thomas Hobbes, Uma breve história da Filosofia Nigel Warburton e Revista Veja.
Contato comigo por e-mail em silviohenriquemartins@hotmail.com


domingo, 28 de julho de 2013

O Papa, as "Tetas" e os Secadores de Cabelo




Esta semana nosso País viveu no Rio de Janeiro a Jornada Mundial da Juventude, um grande evento da Igreja Católica celebrado a cada 2 ou 3 anos em vários locais do mundo. O anterior havia sido em Madri na Espanha em 2011 e o próximo será em Cracóvia na Polônia em 2016, quando o Papa João Paulo II será homenageado por sua canonização.

E já que manifestação está na moda, dururante a JMJ ocorreram algumas e sem grandes destaques na mídia. Porém duas destas, e não estou aqui fazendo qualquer juízo sobre os manifestantes, vou aproveitar algumas delas para umas reflexões dos seus fatores de motivação.

Uma destas foi a promovida pela s Atrizes de Rua num ato de repúdio a visita do Papa, mostravam seus seios durante a manifestação.  Uma das integrantes deste Grupo declarou: “Queremos lembrar as pessoas que a Igreja Católica queimou muitas mulheres na fogueira.” De fato, a Inquisição, embora não tenha sido uma prática exclusiva da Igreja Católica, é algo a se envergonhar.

A Igreja Católica em 2000, através do Papa João Paulo II pediu perdão pelos pecados do passado da Igreja Católica, e em específico sobre a Inquisição o documento “Memória e Reconciliação: A Igreja e as culpas do passado” registra o perdão da Igreja reconhecendo : “os erros cometidos a serviço da verdade por meio o uso de métodos que não tem relação com a Palavra do Senhor”.

Então as Atrizes de Rua que me desculpem, mas a manifestação está atrasada pelo menos 13 anos.

Além disso, parece até que não prestaram atenção na mensagem reformista do Papa Francisco com relação a alguns dogmas da Igreja e quanto ao respeito as mulheres: “Não existe mãe solteira, existe mãe.”

A outra manifestação para destacar é da ATEA Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, ONG séria e de respeito, com 9.000 sócios conforme seu site e tem entre seus objetivos: “Promover o pensamento crítico e o método científico”. Embora não sou ateu, também não gosto de associar atos criminosos com a justificativa “isso é ausência de Deus” e prefiro explicações científicas às religiosas.

Os manifestantes a ATEA utilizaram secador de cabelos para “desbatizar” as pessoas. Essa manifestação não me pareceu compatível com os ideais da ATEA registrados em seu próprio site, onde  encontrei citações com as quais concordo plenamente. Entendi que a ATEA não é contra a religiosidade e sim contra preconceitos aos declaradamente ateus.

A ATEA parece estar consciente de que é difícil um religioso parar de acreditar numa entidade divina através de argumentos.

Para o filósofo Thomas Hobbes no seu livro Leviatã,  “A fé é um dom de Deus e Ele a dá a quem escolher.” Então se você acredita em Deus, ou outras divindades é uma escolha decorrente de diversos e complexos fatores, desde educação familiar, influência social, experiências pessoais, entre outros.

No entanto, já que o ateísmo considerado pela ATEA é a ausência da crença em qualquer divindade, então ela não deveria, na minha opinião, aproveitar um evento Católico para “desbatizar” os batizados na fé cristã.
O outro ponto defendido pela ATEA nessa manifestação é pelo secularismo, e aqui vou adotar como sendo a separação entre Igreja e Estado.

Ora, o  Brasil, em que pese, tenha em suas cédulas a inscrição “Deus seja louvado.”, e seja de grande maioria religiosa, é um País, onde Igreja (seja ela qual for) e Estado são separados e o ensino religioso não é obrigatório em nossas escolas.

Por isso, entendo que a manifestação da ATEA, não foi compatível com seus objetivos e aproveitou a dimensão do evento para sua própria divulgação através da mídia.

O que tem em comum as “tetas” das atrizes e os “secadores” dos ateus? Tem em comum o querer aproveitar a “onda” para se aparecer.  Tem em comum uma dose de desrespeito a crença de parte de uma população. Mas, era um evento internacional e grande cobertura da mídia.

Considero que houve um desrespeito ao evento da JMJ pois não há notícias das Atrizes de Rua mostrando  suas “tetas” em outras ocasiões ou locais onde as mulheres são totalmente desrespeitada. Também não há registro da presença de membros da ATEA na Marcha para Jesus, realizada em Junho deste ano na cidade de São Paulo, com seus secadores “desbatizando” os evangélicos.

A minha argumentação e preocupação é que o desrespeito pode levar a intolerância e daí ao ódio. Acredito que as Atrizes de Rua e ATEA não pregam o desrsepeito, mas não foram suficientemente cuidadosos para evitar a interpretação contrária.


Contudo, como essas coisas inexplicáveis que acontecem a nossa volta, o que ocorreu durante a JMJ parece ter sido como uma onda gigante de um mar de amor e fé que engoliu, mesmo que somente por um curto período, as pedras e arrecifes da intolerância e do ódio.

Assim religião a parte, encerro com a mensagem do Papa Francisco: "Cuidemos do nosso coração, porque é de lá que sai o que é de bom e de ruim, o que constrói e o que destrói."

Foto: Raquel Mello
Fontes: www.jornaldobrasil.com.br, www.folha.com.br, www.infoescola.com.br; www.veja.abril.com.br

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Afinal, o que queremos?



Neste domingo na hora do jogo da seleção brasileira contra a Espanha pela final da Copa das Confederações eu estava no Terminal Rodoviário do Tietê em São Paulo, quando de repente gritos eufóricos: ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ GOL DO BRASIL.

Para uma final de Copa das Confederações a comemoração foi dentro da normalidade, mas não dentro de uma expectativa pelo clima criado por manifestações contrárias ao evento. Afinal se as manifestações contrárias expressavam a opinião do povo então este mesmo povo deveria ser indiferente ao gol, ou pelo menos não estar atento a final.

Essa situação que vivi me levou a tomar coragem de abordar o tema de manifestações neste espaço. Eu resisti muito a isso, pois com apenas duas postagens  nas redes sociais contrárias as manifestações eu já tinha conquistado algumas antipatias e quase foi tachado de ser a favor da ditadura.

Assim para evitar transtornos procurei tratar o caso com o devido equilíbrio e fiz duas apostas,  uma delas já perdi que era sobre a redução da tarifa do ônibus em São Paulo.  A outra ainda tenho chances de vencer. 
Essa aposta é que no dia 01 de Agosto de 2013 nenhum jornal de grande circulação seja em papel ou em internet apresentará em sua primeira página apresentará uma chamada sobre manifestações no Brasil.

A situação de domingo também me fez quebrar esse cuidado e me manifestar sobre algumas dessas manifestações.

A começar pela manifestação do Passe Livre. Se é para defender uma causa que seja para uma causa exequível, ou seja, que possa ser executada ou neste caso realizada. Passe Livre no meio de transporte em SP não é sonho impossível é um objetivo com um único objetivo: de se manter por tempo indeterminado o movimento pois isso no curto, médio ou longo prazo, para não dizer nunca, não será alcançado.

Ao invés de se manifestar por Passe Livre um movimento preocupado com a qualidade do transporte público poderia defender causas como: tarifas reduzidas em horários fora do pico, linhas sem parada ligando terminais, linhas com ônibus especiais com tarifas mais caras para um público disposto a pagar mais caro pelo transporte com um pouco mais de conforto. A tarifa dessa linha especial poderia até subsidiar o desconto para o horário fora do pico. Enfim existem alternativas mais exequíveis do que o passe livre. 

Lembrando que o MPL tem como responsáveis estudantes que depois de formados certamente cobrarão por seus serviços.

Já as manifestações contra o Mundial de Futebol no Brasil no mínimo são promovidas por retardados. Aqui no sentido de retardo quanto ao tempo. Se preferir em inglês, são promovidas por quem perdeu o “time”.

Para suportar meu argumento de retardo com relação ao tempo, para quem não sabe ou não se lembra, no dia 03 de Junho de 2003 a CONMEBOL – Confederação Sul Americana de Futebol anunciou que Argentina, Colômbia e Brasil se candidataram à sede do evento e em 17 de Março de 2006 a Conmebol anunciou o Brasil como seu único candidato. 

Em 31 de Julho de 2007 a CBF entregou a proposta para a FIFA que em Outubro desse mesmo ano anunciou o Brasil como a sede do mundial de 2014.
Então os manifestantes perderam o “time” várias vezes e estão num retardo de pelo menos 10 anos e teve chances de se manifestar em 2006 e em 2007.

Agora em 2013 faltando um ano para o evento e após exagerados e indevidos gastos vamos manifestar contrário a sua realização?

Pelo que vi e vivi no domingo durante o jogo no meio de uma significativa parcela do que é denominado povo, posso inferir que não há em nosso País um movimento forte o suficiente contra a Copa do Mundo.

Portanto o movimento contra a Copa é outro com único objetivo inexequível. A Copa vai acontecer com ou sem manifestação. E no lugar de continuar com essa manifestação, os manifestantes poderiam pelo menos na hora de elaborar seus cartazes evitar erros grosseiros de português tal como o contido na foto desta postagem.

Mas estas são só duas entre tantas outras que estão ocorrendo.Contudo, vale comentar outras duas manifestações com objetivos no mínimo conflitantes já nos seus meios: dos médicos e dos caminhoneiros.

Os médicos são contrários a chegada de seus colegas estrangeiros, mas nenhum deles que ir para localidades de difícil acesso, baixa renda e outras precariedades e muito menos trabalhar com pouca remuneração. Então se os estrangeiros forem bons profissionais e devidamente aprovados e reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina do Brasil qual é o problema? O Dr Rey, o famoso Dr Hollywood não tem licença para operar no Brasil e aposto que muitas mulheres gostariam de ter suas plásticas executadas por ele assim mesmo.

Os caminhoneiros por sua vez, a poucos meses atrás reclamavam e choravam como crianças inofensivas devido aos congestionamentos na Baixada Santista. As reportagens eram comoventes com os profissionais longe de suas casas e famílias. E mais longe ainda vai ficar o caminhoneiro Renato Kranlow de 44 anos que ao tentar furar o bloqueio foi agredido e logo após conseguir seguir sua  viagem escoltado pela Polícia Rodoviária foi atingido por uma pedra que o matou.

A família do Renato está esperando sua volta a qual nunca acontecerá.

Afinal, o que queremos? Manifestar, bagunçar, destruir, matar?

Afinal, o que queremos? Uma vida melhor para a nação ou para nossos próprios interesses?

Por falar em interesses da nação, quero convidar a todos para participar da manifestação pela redução do milho não estourado nos saquinhos de pipocas vendidos nos parques do Brasil.

Boas manifestações a todos.


Base das notícias: www.uol.com.br e www.g1.com.br

domingo, 26 de maio de 2013

13 de Maio - Libertação dos Escravos?


No mês de Maio temos a data cívica: 13 de Maio - Libertação dos Escravos, marcando o fim da Escravatura no Brasil. Foram 300 anos onde a economia do Brasil era totalmente dependente do trabalho escravo e no paralelo a escravatura muitos negócios cresciam, como os Capitães do Mato, profissionais especializados na captura de escravos e o lucrativo mercado do tráfico.

O tráfico foi suspenso por lei em 1831 e mesmo  15 anos depois de sua suspensão no Brasil 300 mil escravos foram contrabandeados. O negócio era tão lucrativo que mesmo com o enceramento do tráfico pela Lei Eusébio de Queiróz em 1850 as negociações de compra e venda de escravos eram feitas somente no “mercado interno”,  comprovando que os interesses pela manutenção da escravatura eram muito puramente financeiros.

Por fim em 13 de Maio de 1888, a Princesa Isabel, assina a Lei Áurea e formalmente encerra a escravidão no Brasil, um dos últimos países a manter a escravatura. Em que pese o ato marcante para nossa história, constam em teorias não ensinadas em nossas Escolas que o ideal abolicionista da Princesa não era a única intenção de seu ato, mas incluíam-se nele, a ideia de melhorar a imagem do Brasil no exterior, em especial com seus parceiros comerciais como a Inglaterra e no território Brasileiro, uma tentativa de manter a ameaçada  monarquia.

Nos meus tempos de estudante sempre foi difícil entender e aceitar a escravidão e na ocasião estava no ar a novela Escrava Isaura (1976), baseada no Livro de mesmo nome de Bernardo Guimarães publicado em 1875. Apesar das cenas na TV não serem a realidade, toda a crueldade e desrespeito ao ser humano eram marcantes, demonstrando que os fatos foram bem piores do que nos ensinam.

Aproveitando a data de nossa história e sentindo toda a tristeza de imaginar o sofrimento dos escravos, me transporto para os dias de hoje e questiono: Será que estamos libertos?

Ao meu ver a Lei Áurea finalizou o trabalho sem remuneração e nada mais. Os escravos em libertados tinham dinheiro para sair pelo mundo a fora?

Não parece que vivemos hoje de forma semelhante aos recém libertados escravos de 1888? Baixos salários, impossibilidade de locomoções, saúde precária, falta de ensino e outros transtornos.

Será que estamos libertos?

Você já parou para pensar que não é assim tão livre como parece? Talvez nem parou para pensar, pois é provável que não saiba o que é liberdade.

O Filósofo Thomas Hobbes (Livro Leviatã de 1651) afirma que “liberdade é ausência de impedimentos externos ao movimento” e daí conclui “um homem livre é aquele que não é impedido de fazer as coisas de que tem vontade.”

Portanto se você não se encaixa no conceito de Hobbes não é livre. E pode até me contrapor afirmando “Eu não sou escravo.”

E questiono: Você faz tudo conforme sua vontade?

É você é escravo sim. É escravo do tempo, do dinheiro, da moda, da ambição, da novela, do celular, do facebook,... é melhor para a lista aqui.

Somos sim escravos de um monte de coisas e muitas nem percebemos. “Mas eu vivo bem assim. “ Você poderá me argumentar. E responderei: “Eu sei.”

Essa escravidão a qual nos sujeitamos é muito mais além do que podemos imaginar. Ela já vem de quando estamos nas entranhas de nossas mães e já no nosso primeiro choro fora dela, tendo o choro como um ato de nossa vontade, embora não entendemos de imediato, nos é dada uma ordem para parar esse ato. E isso é só o começo de uma série de outros cerceamentos um volume tão elevado que nossa próxima geração também os receberá e assim em diante.

Nós somos escravos a tudo, a todos e até a nós mesmos.

E não há caminho para libertação pois somos escravos a pensar que somos livres e assim nunca iremos ter vontade de nos libertar.

Um abraço a todos

Citações históricas sobre a escravidão:


Foto:
  • Lei Áurea - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, disponível em http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mssI48_17_42.jpg

sábado, 27 de abril de 2013

Clarice Disse ou Não Disse?


Em Junho deste ano completarei 28 anos de casado. Eu lembro de encontros de jovens na Igreja que eu participava quando solteiro onde casais apresentavam seus testemunhos. O maridão de um desses casais dizia que o segredo da felicidade na vida a dois estava na conquista diária e que esta conquista tinha ser realizada pelos dois.

E como todo assistente dessas palestras que apresentam conselhos e sugestões para a felicidade, a dúvida já nascia em entender “conquista diária”. Afinal a gente busca conquistar o que não se tem. Então se eu tenho o amor a dar e a sua recíproca, o que conquistar? Além disso, ficou a impressão do curto prazo da duração da conquista, afinal o conselho era de ser diária.

As dúvidas não eram só essas e iam longe no pensamento. Por acaso a sua esposa ou esposo, após a sua atividade de conquista lhe dá um sinal ou um aviso “Ok, hoje você me conquistou”? Borboletas voam, flores caem do céu e fogos explodem logo após a afirmação da sua cara metade?

Enfim mais do que um testemunho o recado ali estava bem dado: Vida em casal não é fácil.

Afinal conseguir harmonia em divergências individuais é uma ação tão complexa a qual duvido que o Freud explica. Já o Jung nem discute. A sua afirmativa sobre o tema é desanimadora: “Até mesmo o melhor dos casamentos não consegue nivelar tão perfeitamente as diferenças individuais, a ponto de tornar condições dos cônjuges absolutamente idênticas.”.

Contudo, apesar da complexidade da vida em casal, muitos vivem juntos por muito tempo e cada casal tem a sua fórmula de sucesso.

No meu, a fórmula do sucesso é uma complexa mistura a qual não tem medidas certas de proporcionalidade dos ingredientes: Amor, Amizade, Cumplicidade, Respeito, Carinho, Querer ficar junto, Querer fazer mimos, Paixão juvenil e principalmente conversa e comunicação. Quanto a esses dois últimos itens, se o tema aqui fosse empresa, seria planejamento e ação.

Isso mesmo, de certa forma o segredo para um bom casamento é planejamento e ação, ou seja, conversa e comunicação. Não adianta todos os demais ingredientes, se não houver um plano e sua respectiva ação para o objetivo comum do casal, ou seja, manter a vida a dois de forma plena e feliz.

E para que o planejamento e ação? Lembram das palestras da minha juventude? Então, em nenhuma delas foi apresentado como enfrentar as dificuldades financeiras, as de saúde, as de relacionamento com as pessoas em nossa volta, sejam elas parentes ou não, mas com forte influência na relação do casal. Não há dicas de como enfrentar as dificuldades da paternidade e da maternidade. Enfim, não há uma fórmula geral com uma super solução para todos.

Assim, passados 28 anos de um casamento feliz, o meu aprendizado confirma a minha teoria de planejamento e ação ou a de conversa e comunicação. Eu e minha querida esposa já enfrentamos inúmeras dificuldades e várias eram suficientes para encerrar nossa relação. 

No entanto, nosso objetivo principal sempre foi proporcionar ao outro o máximo de contribuição para a felicidade. 

Com isso, mesmo sem ser algo estruturado, nossas ações eram voltadas para o planejamento, identificando o problema ou a dificuldade prejudicial a nossa relação e buscando a solução, ou seja a ação. 

Apesar disso, muitas vezes foi necessário rever se a ação era eficaz e alterá-la. Mas, evidente que nada disso é assim via um check list na base do “se” tal coisa acontecer, “então” faça isso. Quero dizer, é muito intuitivo e não lógico embora pareça.
Escrever isso agora é fácil, posso até me tornar um palestrante e junto com a minha esposa, quem sabe seremos colegas ou concorrentes do famoso casal do casamento blindado. Tudo bem que a minha esposa não é filha de Pastor. Mas, isso seria apenas mais uma dificuldade que certamente seria superada.

No entanto, já que estou hoje escrevendo meio sem querer sobre dicas de vida a dois gostaria de participar um recente evento. Como todo bom homem da relação, o qual tradicionalmente é considerado o perturbador da paz conjugal, numa dessas conversas de planejamento e ação (lembrando sem perceber), eu estava argumentando com minha esposa que ela não anda entendendo o que falo e coisa e tal...

Eis que recebi dela um fulminante olhar, daqueles que produzem raios lazer capazes de perfurar paredes e a sua oca cabeça. Confesso: gelei...

Então ela contra responde: Sabe o que eu acho? Leia isso aqui.

O “isso aqui” era um texto atribuído a Clarice Lispector com sugestivo título “Não te amo mais”. Só com esse título já passei de gelado passei para estático. Eu não conseguia ler o restante do texto.

Fiquei parado olhando aquele título e pensando um monte de coisas sobre qual era a verdadeira mensagem que ali estava embutida.

Na sequencia vem aquela pergunta: Já leu? Respondi: Não consigo. E como toda boa esposa, a ordem: Deixa de frescura e leia o texto (de fato eu estava bem fresquinho de tão gelado).

Então comecei a ler:

Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
Não te amo mais

Silêncio na sala. Eu já tinha desligado a TV e agora o maior barulho do ambiente era o bombar do meu coração.
E aí, já leu? Perguntou a querida esposa. Li, sim. Respondi, (detalhe: gelado, estático e sentindo minha pulsação em ritmo reduzido e muito provavelmente esbranquiçado.)

Então quase sem conseguir abrir a boca, questionei: O que significa isso?

Aí vem uma direta bem jeito de esposa: Você leu direitinho o texto? Sim, li, já não falei? E volto perguntar o que significa isso?

Agora, meu marido, leia de baixo para cima.

Na hora achei a ordem ridícula, mas eu não estava em condições de discutir a regra da leitura e comecei a ler de baixo para cima:

É tarde demais 
Sinto, mas tenho que dizer a verdade 
Eu te amo! 
E jamais usarei a frase 
Já te esqueci! 
Sinto cada vez mais que 
Alimento um grande amor 
Não poderia dizer mais que 
Você não significa nada 
Sinto dentro de mim que 
Nada foi em vão 
Tenho certeza que 
Ainda te quero como sempre quis 
Estarei mentindo dizendo que
Não te amo mais 

Então querido marido, onde é que não estou entendendo o que você fala e coisa e tal?

Esquece minha querida. Eu também amo você e muito. Me dá um abraço. Isso foi tudo o que consegui responder após a tensa leitura do que Clarice disse ou talvez não disse.

Se meu casamento é blindado, eu não sei. Se a Clarice disse isso tudo, também não sei.

O que sei é: não é fácil viver a dois. No entanto estou certo de que toda a dificuldade quando vencida pelos dois se transforma em felicidade para ambos.

Um abraço a todos os casais

Como não poderia deixar de ser dedico este texto a minha querida esposa.




domingo, 21 de abril de 2013

Pregações Perigosas



Ressalva: Este texto não é uma crítica ou elogio ao Pastor Deputado Presidente da Comissão de Direitos Humanos.  O Pastor está no cargo atual através dos meios legais e amparado pela Lei tem a liberdade para manifestar sua opinião, valores e convicções assim como faço neste espaço.
Embora este texto utilize como base uma das pregações do Pastor mais famoso do Brasil no momento, o seu objetivo é um convite a reflexão sobre o perigo das pregações religiosas.

Feita a ressalva, vamos ao texto.

Atualmente o Pastor mais famoso do Brasil tem sido criticado por suas convicções que conflitam com a posição na Comissão de Direitos Humanos, afinal se espera de uma Comissão dessa pelo menos a prática da igualdade, respeito e tolerância. Este é o seu principal fundamento uma vez que a sociedade, e no caso estamos tratando somente da brasileira mas esse perfil é encontrado em outras, não é plena na igualdade, respeito e tolerância. Assim, essa Comissão tem por missão corrigir essa diferença social. Com isso, se espera de seus líderes a execução dessa missão.

A polêmica e conflitante posição do Pastor na função de Presidente da Comissão, tem gerado inúmeros protestos. Como também tem gerado inúmeros novos simpatizantes. A margem da discussão dos direitos humanos o Partido do Pastor está super contente com a polêmica, pois nunca tanto se falou em seu nome. 

Muitos brasileiros se quer lembram de sua existência. Quanto ao Pastor, estou seguro de que se as eleições parlamentares acontecessem nos próximos dias ele teria o triplo de votos. Aqui até lanço uma aposta. Em 2014 o Pastor terá pelo menos o triplo de votos e será reeleito.

Entre os adversários ao Pastor tivemos a divulgação de um vídeo de uma de suas pregações onde ele faz afirmações sobre a causa da morte de John Lennon. Neste vídeo, o Pastor está com um corte de cabelo que para mim leigo em características capilares tenho a impressão de que revela traços de afro descendência. Quem já assistiu é bom rever. Repare e compare com as imagens mais atuais.

Na sua pregação o Pastor afirma: “John Lennon chegou uma dia diante das câmeras, bateu no peito e disse: ‘os Beatles são mais populares do que Jesus Cristo’. Jesus não era popstar como ele, mas sim o mestre de uma grande religião. John Lennon estava olhando pras câmeras, dizendo ‘Nós Beatles somos uma nova religião’. A minha Bíblia diz que Deus não recebe esse tipo de afronta e fica impune.”

De fato a declaração de Jonh Lennon feita em 1966 foi infeliz, mas não foi como o Pastor apresentou na sua pregação, que obviamente foi incrementada com todo o formato de uma pregação religiosa que tem por objetivo agregar novos discípulos e segurar os que já formam a sua igreja ou congregação.

Para o filósofo Michel Foucault em seu livro a Ordem do Discurso, de 1970, registra: “o discurso não é simplesmente aquilo  que traduz as lutas ou os sistemas de dominação , mas aquilo pelo que se luta, o poder de que queremos nos apoderar.”

Assim formatado por seus interesses o Pastor formatou a declaração do John Lennon da forma mais adequada a sua pregação daquele dia.

Em sua pregação ela não mencionou,  pois não era do interesse do seu discurso, que em agosto do mesmo ano, John Lennon se defendeu, durante uma entrevista em Chicago, dizendo: "Se tivesse dito que a televisão era mais popular do que Jesus, ninguém teria ligado. Eu só usei o termo 'Beatles' para exemplificar. Meu comentário se referia ao que acontece na Inglaterra. Lá somos mais influentes para os jovens do que a religião. Não era minha intenção ofender, mas é um fato. Não quis comparar Jesus Cristo a uma pessoa, nem nada do tipo. Fui mal interpretado".

E pela qualidade da imagem, é bem provável que tenha sido feito antes de 2008, ano em que a Igreja Católica, através do L’Osservatore Romano que publicou "A declaração de John Lennon, que provocou tanta indignação nos Estados Unidos, depois de todos estes anos soa como uma bravata de um jovem proletário inglês às voltas com um sucesso inesperado". Em 2010 a Igreja Católica “perdoa” John Lennon quanto a sua declaração.

Em que pese a frase de Lennon tenha sido infeliz era gerou interpretações e manipulações como a do Pastor.  Lennon foi assassinado em 1980 e não dias depois de sua declaração como afirma o Pastor. 

Deus matou Lennon, por castigo a sua declaração? Se eu pensar que toda morte é um castigo de Deus, então Martin Richard de 8 anos de idade, um dos mortos no atentado de Boston, seria merecedor da pena de morte Divina, por qual motivo?

A afirmação de uma responsabilidade divina por uma morte é algo infundado na própria Bíblia. Principal fonte de ensinamentos e base das verdadeiras pregações religiosas.

A minha Bíblia diz que Deus é Amor, destaco a Primeira Epístola de João (1 Jo 4:16) “Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele.” Eu também aprendi que Deus perdoa sempre, os homens as vezes e a natureza nunca.

Se Deus é misericordioso “Porque sem limites é a sua misericórdia para conosco e eterna é a fidelidade do Senhor.” Salmo 116, então Ele já teria perdoado John Lennon pelo menos em Agosto de 1966. Portanto, com essas evidências não foi Deus que matou Lennon, conforme afirma a pregação do Pastor.

O cantor e compositor brasileiro Beto Guedes em parceria com Ronaldo Bastos compôs uma linda canção questionando o motivo da morte de Lennon.  http://letras.mus.br/beto-guedes/79056/

A canção além de linda nos convida a entender que a vida tem seus caminhos e seus mistérios. Não há explicação sobre o motivo dos fatos e não podemos querer encontrar falsas explicações na ausência da explicação verdadeira.

“Quem perdeu o trem da história por querer.
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo
Quem souber dizer a exata explicação
Me diz como pode acontecer
Um simples canalha mata um rei
Em menos de um segundo
Oh! Minha estrela amiga
Porque você não fez a bala parar.”

A Deus não se pode atribuir a responsabilidade da morte de Lennon. Afirmar isso numa pregação religiosa cristã é no mínimo uma controvérsia das suas próprias escrituras.
Ainda contra o Pastor recaem acusações homofóbicas. Mais uma vez, parece que esta estampa do discurso da pregação contraria as sagradas escrituras.

A minha Bíblia diz, “Não fareis distinção de pessoas em vossos julgamentos. Ouvireis o pequeno como o grande, sem temor de ninguém, porque o juízo é de Deus.” Deuteronômio, um dos livros mais “jurídicos” do Cristianismo, 1:17.

O que me assusta nas pregações religiosas é a sua tendência a segregações, fator este que isoladamente é contrário a qualquer pregação de amor ao próximo e na crença de um Deus que é Pai, Santo, Bondoso e Misericordioso.

O que me assusta é o uso indevido da palavra divina apenas para conseguir mais adeptos ao seu “rebanho”.

Em 1651, o filósofo inglês Thomas Robbes, na sua obra prima Leviatã, afirmava que da ignorância do homem a respeito de distinguir sonhos e outras fantasias das visões e das sensações, surgiram em sua maior parte as crenças religiosas. Nesse mesmo livro menciona que nós homens castigávamos as bruxas em razão de falsa crença de que eram maléficas e só faziam maldades. Note bem, em razão da falsa crença.

Thomas Robbes me leva a refletir se as religiões existem para agrupar “exércitos” ou para de fato para nos auxiliar a encontrar o Reino de Deus.

De 1651 para 2013 as pregações religiosas perigosas parecem ser iguais. Não queimamos os “infiéis” em praça pública, mas os atingimos com a chama de nossas línguas e de nossos preconceitos e tudo isso “em nome do Senhor.”

Quem sabe, um dia iremos aprender a viver até mesmo se necessário sem religiões se elas continuarem a servir apenas para nos separar.

E assim todo líder religioso usará letras das canções de Lennon, pregando:

"Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz
Você pode dizer que sou um sonhador
Mas nãosou o único
Tenho a esperança que um dia você se juntará a nós
E o mundo será um só."

Paz e Tolerância para todos.

  • Dedico este texto ao meu cunhado Tadeusz Jaworski Filho e ao meu primo Roberto Prieto por suas ações nas Igrejas que participam e a minha Querida Tia Celina, por sua indignação registrada no face que me inspirou a escrever este texto para ser mais um meio de tentar evitar a intolerância e divulgar que Deus é Amor.
  •  Foto: disponível em www.johnlennon.com
  • Citações Bíblicas: Bíblia Sagrada 26ª Edição – Editora Vozes, 1.979, a "minha Bíblia".