Seja Bem Vindo

Este blog tem por objetivo expressar opinões, sentimentos, conselhos e emoções, como se estivesse conversando com amigos em um café ou em um descontraído boteco.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Tudo se Compra?



A capa da revista Veja na semana passada trazia a seguinte chamada:  “Ela vendeu a virgindade. Será que estamos virando uma sociedade onde tudo se compra?”

Eu não entendi se a Veja está querendo questionar a virgindade ou se seus editores erraram o tempo verbal do questionamento sobre “uma sociedade onde tudo se compra” ou se estão míopes com relação a real situação da sociedade, onde ela não está virando um tudo se compra. Nós já somos essa sociedade.

Eu não li a reportagem e não conversei com quem leu até para não ser influenciado e me manter na chamada da Capa.

Se a Veja queria questionar ou passar alguma lição de moral quanto a virgindade está no mínimo uns 40 anos atrasada ou ainda não sabem sobre o evento Woodstock ou sobre a revolução feminina.

Além disso, virgindade é algo muito particular e embora entendo que a virgem leiloada não tenha acordado num belo dia de sol e gritado da janela e seu quarto: “Hoje eu vou leiloar minha virgindade, quem dá mais?” e sim foi influenciada por causas além de sua vontade individual, perder sua virgindade é decisão só dela e pronto.

Freud afirmou que não somos responsáveis pelo que fizemos, por sermos vítimas de imposições. Daí, podemos concluir que em que pese pareça uma decisão de foro íntimo, ao decidir leiloar sua virgindade, essa moça não o fez usando do seu livre-arbítrio.

Mas, por vontade ou não, a Veja não tem o que questionar ou deixar margem para uma discussão moral sobre virgindade. E mais, se a moça for seguidora da Igreja Católica, bastará utilizar do sacramento da Confissão e estará perdoada por seu Deus. Daí conclui-se que não há mais o questionar sobre esse tema.

Em relação a “surpresa” de uma sociedade em transformação onde tudo se compra... Bem, será que os editores assistiram o filme Proposta Indecente, 1993 com a Demi Moore. Neste filme, um casal em dificuldades financeiras vai para Las Vegas tentar a sorte. Lá conhecem um milionário que oferece US$ 1,0 Milhão ao marido da Demi, para permitir que ela vá para a caminha com ele por apenas uma noite. Eu não vi o filme ainda e acho que os editores da Veja também não.

Fica a impressão de que quando viram nos sites de notícia a questão do leilão da virgindade, os puritanos editores, exclamaram:  “Nossa! É o fim do mundo.”
A Veja poderia ter se dedicado aos crimes de corrupção, pois já vivemos e faz tempo uma sociedade onde tudo se compra.

Qualquer pesquisa em sites de busca vamos encontrar notícias sobre venda de órgãos com mais de 20 anos atrás, compras de votos de parlamentares, mercado paralelo de crianças.
Pesquise um jornal do Pará de uns 10 anos atrás que você vai encontrar um chocante foto de uma jovem menina com a placa vende-se pendurada em seu pescoço colocada por seus próprios pais.

A mídia é muito poderosa em influenciar nossas opiniões, ditar moda e costumes, mas colocar uma chamada com um ingênuo espanto sobre a real sociedade que vivemos onde há muito se comprar de tudo, é lamentável.

Esta edição me fez lembrar uma Professora de ESPB – Estudos Sociais e Políticos Brasileiros, nome politicamente correto em substituição a Educação Moral e Cívica, enfim, esta Professora nos alertava quanto a leitura dos jornais e revistas lá nos meados dos anos 70, “Leiam as entrelinhas.”
É Professora, a Senhora deu um conselho de grande importância. Nos incentivou ao espírito crítico a não aceitar passivamente o que nos colocam e nos forçam a acreditar.

Nossa sociedade ainda é retrógada enquanto permanece discutindo algo de foro íntimo como a virgindade e é condicionada a acreditar que só agora vivemos uma situação onde tudo se compra, enquanto continuamos a aceitar a escalada da violência de forma passiva, a nos curvamos frente a excessiva carga tributária, a concordar com a elevada remuneração dos nossos políticos, a pagar escola e segurança particular e também o plano de saúde, ou seja, serviços básicos que o Governo nos deve e não nos oferece.

Enfim, parece que nossos únicos problemas são virgens em leilão e milionários que compram de tudo até o nosso silêncio e passividade.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A questão do Perdão.


Em meu último texto “Finados” coloquei que em vista da certeza da morte, o ideal é viver a vida de bem com ela própria e uma alternativa para isso era exercer o Perdão.

Não estou aqui defendendo a ideia de um círculo contínuo ao estilo proclamado pela Igreja Católica, onde basta você confessar que seus pecados estão perdoados. Assim, seria fácil ter uma vida de erros, reconhecimento do erro, confissão, remissão dos pecados, e volta a ficar pronto para novos erros e assim por diante.

Essa proclamação nem sempre reforça a questão do conteúdo do erro, mas destaca a superioridade do ser 
divino, no caso o Deus Pai todo Poderoso na sua capacidade de perdoar.

“Quem dissimula suas faltas não há de prosperar, quem as confessa e as detesta, obtém misericórdia.” Provérbios 28,13

Aqui o poder do Perdão é divino. Eu me recordo de um admirado casal de Palestrantes na minha juventude na cidade de Santos, o Sr Danton e sua esposa Sra Marlene. Ela em suas palestras afirmava: “Deus perdoa sempre, os homens as vezes e a Natureza nunca.”

Mas, para que serve na prática o perdão? Qual motivo de considerar a capacidade do pleno perdão a uma ação divina e não humana?

E mais do que perdoar, qual é a nossa real capacidade em reconhecer erros e pedir perdão. Aliás, pedir o perdão deveria ser mais fácil que o seu inverso, o perdoar.

Certa vez, em uma situação de conflito um jovem em seus 25 anos se viu numa situação de pedir perdão e iniciou o seu pedido com a informação de que aquele ato era inédito e por isso deveria ser valorizado... 

Como assim? Eu  pensava na ocasião. Este jovem jamais viveu uma situação de pedir perdão? O rapaz é um perfeito, não erra.  Entendo que a única explicação para isso é a existência de um mundo somente para ele com suas próprias regras, sendo a primeira: Eu não estou sujeito a pedir perdão, pois minhas ações nunca me levarão a isso. Diferente, não? Mas, aposto que você visualizou pelo menos uma pessoa do seu círculo de relacionamento ou família que pensa assim.

Para mim, pedir perdão é semelhante aquelas modalidades esportivas, onde na sequencia de um erro, você tem uma chance para uma nova jogada. Mas, nem todos os esportes são assim. No futebol, por exemplo, em situação de pênalti se o jogador erra, já era.

A vida é assim, tem momentos que você pode tentar pedir perdão e aí você tem 50% de chances de ser perdoado. Em outros momentos, sinto muito, não tem perdão. E se tiver será só de Deus. Este perdoa 
sempre.

No entanto, pedir perdão é muito mais uma tentativa de correção na busca de conciliação de viver bem. Mas, não abuse disso. Quem perdoa, assim o faz, acreditando que o seu ato será acompanhado por uma reformulação da sua pessoa. De forma, que o motivo que causou a situação de conflito não seja repetido.

Eu já tenho algumas escolhas bem definidas. Dependendo da situação eu estarei predisposto a perdoar. Por outro lado, aviso, sem abuso. Perdoar não é assinar uma autorização para ser enganado ou explorado. É uma aposta. É um voto de confiança.

Mas, minha predisposição em perdoar, não me garante um perdão geral e irrestrito. Dependerá muito do erro cometido, para quem foi, o que foi afetado, danos e transtornos causados. Aliás, em última análise um acordo de qualquer esfera judicial é uma espécie de perdão mediante pagamento em dinheiro, trabalhos sociais ou prisão. Mas esse não é foco desta discussão.

Enfim perdoar e pedir perdão, o que importância tem isso para você? Quantos relacionamentos bons você perdeu só por não ter perdoado? E quantos outros você perdeu por não ter pedido um perdão?

Por isso, que eu digo, eu estou sempre predisposto a perdoar. Como também, estou sempre abandonando alguns pontos de vista para pedir perdão. Seja numa situação ou em outra, se isso ocorrer de forma sincera, permitindo e favorecendo mudança para melhor, que represente um crescimento pessoal e que resgate os bons relacionamentos, por que não?

Não vou pedir desculpas se você não gostou do texto. Nesse contexto, pedir perdão não se aplica. Este texto não está submetido a uma regra e portanto não está sujeito a perdão.

Mas, se você me pedir desculpas, por não ter lido ainda um dos meus textos do blog, então direi: “Tá bom, eu perdoo você, mas daqui em diante deverá ler todos os textos toda a semana.”

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Finados




Finados é um feriado naturalmente introspectivo e que nos leva a reflexões sobre o desagradável tema que é a morte.

Nesse dia, visitamos cemitérios, recordamos amigos e entes queridos que não mais vivem e só existem em nossas lembranças.

Em uma aula de Estatística o Professor no primeiro dia destacou a única certeza que temos é a morte. Por coincidência um amigo estatístico, o Sr Escaravelho, durante um bate papo afirmou: “Eu tenho certeza de que não vou morrer.” Eu prontamente respondi: “Eu tenho.”

Em recente entrevista para a Radio Bandeirantes de São Paulo, a cantora Vanusa citou que seu ex-marido, Antonio Marcos, falecido em 1991, dizia: “Eu não vou morrer, vou ficar encantado.”

Seja como for a forma de ver a morte, essa é uma realidade da qual não há como evitar. O filósofo Schopenhauer cita em uma de suas obras: “Cada sopro da nossa respiração afata a morte que nos assalta; lutamos contra a morte a cada segundo, e lutamos ainda com largos intervalos toda vez que nos alimentamos, que dormimos, que nos aquecemos, etc... Mas a morte é destinada enfim, a vencer. E ela não faz mais que brincar com sua presa antes de devorá-la.”

Isso é cruel. Até a Bíblia é fria e direta no tratamento da morte, no Livro O Eclesiastes, 8,8 temos “O homem não é senhor de seu sopro de vida, nem é capaz de o conservar. Ninguém tem o poder sobre o dia de sua morte, nem a faculdade de afastar este combate.”

Não é o objetivo deste texto parecer algo pessimista ou derrotista. Mas de fato nossa briga contra a morte só nos dá como recompensa um tempo a mais para viver. Então qual é qualidade de vida que você quer ter em até encontrar com a morte?

James Dean, ator morto aos 24 anos, deixou a seguinte frase: “Sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã.”

De certa forma James Dean sabia da brevidade da vida, talvez não soubesse o quão breve seria para ele próprio. No entanto, se aplicou sua frase, certamente viveu intensamente o seu sonho de viver.

Aliás, se vivêssemos nossos dias como sendo o último acredito que a qualidade do viver seria maior e melhor. De alguma forma nosso pensamento iria estabelecer não somente uma lista de desejos, mas uma lista de prioridades.

Eu por exemplo, busco apagar toda mágoa, toda amargura. Busco perdoar e pedir perdão. No meu entendimento o perdão é o caminho da paz de espírito. Procuro me conhecer, entendo que quanto mais me conheço, melhor fico como pessoa e assim poderei ser sempre querido e enquanto assim for, mesmo que morto físicamente, serei lembrado com carinho por pessoas que me querem bem e assim driblar a morte em seu conceito de perda definitiva.

Siga meu conselho, se você tem alguma divergência com alguém e esta lhe incomoda, não perca tempo, você nem sabe se o tem, então o quanto antes, resolva essa pendência e evite novas.

Viva intensamente bem com o seu maior tesouro: sua paz. Elimine seus tormentos, curta a vida com o melhor da vida. Priorize seus relacionamentos, busque o entendimento e se for o caso, o próprio perdão. Sem que isso signifique sacrifícios a sua vida e sim crescimento.

Pode parecer uma sugestão muito simplista e assim quanto mais simples parecer, mais correta será.

A certeza contra a certeza da morte é: você estará sempre vivo na lembrança das pessoas que continuarão a viver depois que você morrer. E quanto melhor você for mais pessoas prolongarão a sua vida.