Seja Bem Vindo

Este blog tem por objetivo expressar opinões, sentimentos, conselhos e emoções, como se estivesse conversando com amigos em um café ou em um descontraído boteco.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013




É inevitável para a maioria das pessoas a famosa reflexão do ano que se encerra e as perspectivas e desejos para o novo ano. Embora, poucas pessoas considerem o dia 01 de Janeiro como um dia qualquer. Ora, quem assim pensa, talvez tenha todos os dias como um “dia qualquer”.

De fato, sendo frio e sem emoção podemos concordar com essa minoria. No entanto, a passagem de ano novo é talvez a única oportunidade em 360 dias que pensamos em nós mesmos.
O correto seria todos os dias fazermos um “balanço” do dia. O que fizemos, o que sofremos, o que aprendemos, o quanto caminhamos para onde queremos e por aí vai. Mas, entre nós, você tem tempo para fazer isso todos os dias?

Então, devemos aproveitar esse dia de passagem, de encerramento, de renovação. Olhar para trás, analisar e entender o que aconteceu. Fazer projeções algumas iguais e  outras novas, afinal aprendemos muito durante esse ano, sejam nos momentos de vitória e nos derrota.
Em minha reflexão de 2012 e tentando uma qualificação em síntese, diria que 2012 foi para mim, um ano de difícil transformação.

Os fatos no ambiente profissional, pessoal e familiar foram inéditos e emocionantes. E com um detalhe que ainda não entendi, todos os principais fatos de 2012 foram fora do meu controle. É quase um “deixa a vida me levar”. Não tive controle, mas a emoção foi muito abalada e tive que fazer muita força para recompor o equilíbrio. Gastei boas horas de terapia.

O que não gosto nessa época são as chamadas previsões “bobocas” para o ano novo. Eu tive a paciência de procurar algumas dessas previsões para 2012 e comparar o previsto com o realizado. Em uma delas um guru (não vou falar o nome os interessados encontrarão em sites de busca) previu que o Obama não venceria a eleição. Em pensamento estatístico esse guru tinha 50% de chances de acerto, afinal a eleição seria disputada por 2 candidatos.

Na minha opinião previsões são mais exercícios de inferência estatística do que algo sobre natural.
Assim, se previsões são inferências estatísticas, analise os números e registros do seu passado com destaque o recente e então faça suas próprias previsões. E não esqueça um detalhe importante, além de suas metas para 2013 estabelece também as formas de atingi-las. Crie um plano de ação, com cronograma, metas parciais, momentos de parada para apuração de resultados, ajustes de conduta, revisão das metas. Enfim não fique escravo ao dia 31 de dezembro.

Steve Jobs registra “Não faz sentido olhar para trás e pensar: devia ter feito isso ou aquilo, devia ter estado lá. Isso não importa.”. Para Jobs devemos inventar o amanhã e parar de nos preocupar com o passado.

O meu desejo particular para 2013 é olhar para ele de forma feliz. Começar acreditando que ele será plenamente Feliz. A minha meta é estar bem todos os dias. Só irei trabalhar isso. Já adotei alguns modelos de pensamento, já marquei algumas atitudes e agora a exemplo de um vendedor que vai atrás de sua meta é assim que vou querer viver 2013. E ao melhor exemplo dos profissionais comerciais farei fechamentos mensais.

Desejo a todos um super e feliz 2013 com muitas metas atingidas.

Neste final de 2012, registro que a retomada deste blog foi uma das boas coisas do ano e foi possível através de umas,  posso dizer "simpáticas provocações”, de um amigo que sem perceber estava me incentivando, assim dedico este texto ao Mestre Bacconi.

A foto é de um lindo presente que ganhei de minha filha.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Ao Querido Papai Noel




Este ano tive a feliz oportunidade de escolher uma cartinha dirigida ao Papai Noel, tomar o seu lugar e presentear uma de, talvez, milhares de crianças que escrevem ao bom velinho . Estas cartas chegam ao Correio e por critérios específicos colocam a disposição de quem queria participar.

Dentre essas milhares de cartas, uma pequena quantidade chegou em minhas mãos por iniciativa de uma pessoa amiga. Eu sei que ela foi responsável por quase 500. Destas algo em torno de  50 cartas chegaram em minhas mãos. Fiz uma seleção visual  sem critério objetivo.

Separei menos de 10 comecei a ler e já de imediato na primeira frase de forma inexplicável, meu coração acelerou e assanhadas lágrimas começaram a inundar e embaçar meus olhos.

Não consigo explicar essa emoção. Não estava com pena daquelas crianças, embora sei que um dos critérios do Correio é por crianças de famílias carentes.

Seja qual for o critério, o importante é que em todas as cartas havia uma esperança de retorno de alguém desconhecido. E por ironia ou seriedade do destino você é esse desconhecido.

Talvez a consciência dessa realidade é que tenha mexido com minha emoção. Como já coloquei foi inexplicável o sentimento. Mas naquele momento eu era o “Papai Noel” daquelas crianças. Num primeiro momento senti que devia abraçar todas as cartas. No entanto, a minha ideia era escolher apenas uma.

A minha escolha foi por uma carta muito simples, pedia uma roupa e um calçado e “se puder também uma boneca”. Mas o que me tocou fundo na emoção estava na sequencia, “mas se não puder atender meu pedido, pode ser outra coisa, mesmo que somente um cartão, entendo que a situação está difícil para todos”.

Por essas coincidências da vida, no mesmo dia que peguei essa cartinha, uma reportagem na TV mostrou um senhor que foi até o Correio escolher uma carta, pois quando criança havia ganho presente através do Correio. O que nos coloca a todos em igualdade, sem essa hipocrisia de classe social, como se as boas ações devam ser feitas somente pelos não carentes, mas esse ponto será tema em outra oportunidade.

O que me levou a muita emoção foi o fato de ler pedidos e pensar o quanto nós pedimos e esperamos respostas e soluções de nossas aflições, angústias, ansiedades e outros pontos de tormento mental e emocional. Quanto, não é?

A quantos “Papais Noéis” podemos recorrer?

A lenda do Papai Noel, segundo alguns, tem sua origem no Arcebispo na Turquia no Século IV, chamado Nicolau Taumaturgo que costumava ajudar anonimamente quem estivesse em dificuldades financeiras.
Do século IV até o nosso século muitos ainda vivem em dificuldades financeiras. E você, de repente, é um Nicolau, um Papai Noel e detalhe, anônimo.

Mas, o que fazer,  com tantos pedidos que você tem e sem um Nicolau para te atender? Dessa reflexão cheguei no seguinte ensaio. Que tal ser você mesmo o seu próprio Papai Noel.

Fazer uma lista de desejos é fácil. Agora, fazer algo para essa lista ser concretizada é difícil. Lembra o que você pediu em dezembro de 2011? O que conquistou? Entendo, tem coisa que não conquistou, não é? 

Mas, o que você fez para conquistar?

Eu nessa reflexão vi que praticamente nada fiz para conquistar meus pedidos. Os dias foram chegando e passando, passando, passando...

Que crueldade essa do tempo! Deve haver uma forma de controlá-lo. Deve haver uma forma de conduzir o tempo a nosso favor.

O meu maior desejo para este ano é encontrar esse controle e torcer para você encontrar também. Um bam bam bam da administração o Sr Peter Drucker diz que a melhor forma de prever o futuro é você fazê-lo.

Enfim enquanto ainda não soubermos ter esse controle, vamos ficar com o compromisso da criança a qual tive a oportunidade e alegria de presentear, “ Na noite de Natal farei um pedido para Jesus nesse ano que vai entrar nos conceda muita paz, saúde e prosperidade.”

Feliz Natal a todos.

Eu dedico este texto a Juliana que organizou junto a um grupo de pessoas, desde distribuição das cartinhas até a entrega ao Correio e também a todos os anônimos Papais Noéis que atenderam aos inúmeros pedidos trazidos pela Juliana.

Detalhe: a foto é da cartinha que eu escolhi.

domingo, 16 de dezembro de 2012

O Miado do Tigre





Na quarta feira, 12/12/12, o jogo da Final da Sulamericana de Futebol  mostrou um fato raro, o não retorno no segundo tempo de uma das Equipes, a agremiação argentina o Tigre.

O Tigre que até pouco tempo atrás estava na segunda divisão do futebol argentino e atualmente ocupa o penúltimo lugar no campeonato principal.

A crítica esportiva, incluindo a argentina, não deixava de mencionar a superioridade do seu adversário na final, o São Paulo Futebol Clube.

Entretanto, essa mesma crítica esportiva, destacava a única qualidade de um time que é argentino, a chamada “catimba”. Catimba essa que só era destaca pelo fato de ser argentino, pois se esse time fosse equatoriano ou boliviano, certamente nem esse adjetivo teria.
E nem ser catimbeiro de primeira linha o Tigre soube ser. O não retorno para o segundo tempo, reforçou toda a baixa qualidade do time que já havia apresentado no primeiro jogo e quanto eles próprios sabiam de sua inferioridade.

Ora, quando se entra numa luta ciente de que o adversário é mais forte a solução não é fugir ou ser de alguma forma anti ético na disputa.
Se a Confederação Sul Americana de Futebol for um entidade séria o Tigre ficará suspenso pelo menos 3 anos de competições oficiais.

Mas de volta a questão de entrar em lutas quando se tem a consciência de estar em desvantagem em relação ao adversário e se utilizar de qualificações artificiais. O Tigre em termos de futebol os registros atuais já mostram o que é. A equipe ao invés de buscar alguma alternativa dentro dos recursos do próprio esporte, se agarrou a uma qualidade que a imprensa esportiva colocou, mas isso não implicava na realidade, ou seja, nem a catimba o Tigre soube fazer e ao ver que nem com isso conseguiria algo, então resolveu encerrar ou estragar a festa.

No final do primeiro tempo de forma não justificada o Tigre já partiu para agressões e não tendo sucesso na provocação buscou a confusão nos corredores dos vestiários. Os seguranças do São Paulo que não estão lá para fazer dribles, jogadas ou gols, desempenharam seu trabalho segurando o ímpeto agressivo dos Tigrões que tinham por único objetivo encontrar algo que rendesse um cancelamento do jogo.

Agora, saindo do futebol para as nossas vidas, como enfrentamos nossos adversários e por vezes muito superiores, em nossas lutas e brigas diárias. Nos acovardamos, buscamos encerrar o jogo de forma indevida? Entendo que embora muitas vezes desistir possa ser uma saída, na maioria das vezes, brigamos e muito. Buscamos soluções criativas, apostamos em atitudes que podem provocar reações até inusitadas, mas que levam a uma solução, tal como aquele chute sem pretensão que ia para fora, mas bate no zagueiro, desvia do goleiro, e... é gol.

Não é comum após um dia de luta, você em sua reflexão afirmar: “Nossa, não sei onde encontrei forças.” Não sabe e nem precisa saber, o importante é que encontrou.

Assim, espero e confio que jamais fugiremos das nossas lutas diárias e nunca, mas nunca mesmo, seremos ou teremos atitudes e comportamento de um “Tigre Argentino”.

Vamos a luta.
Abraço.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Língua




Embora ninguém goste de ser motivo de comentários, também não quem não goste de ouvir e de falar dos outros.
A grande prova disso é o sucesso das revistas e de outros meios de comunicação com o único propósito de falar da vida alheia. Em especial quando é um artista ou pessoa pública.
É bem provável que a Princesa Diana pagou por sua vida a sede de informações de suas situações particulares ficarem públicas. A culpa de sua morte teria sido dos Paparazzi ou de quem leria as fofocas publicadas de seu namorado que morreu junto com ela.

No Brasil e no mundo, inúmeras revistas e sites possuem robustas estruturas para abastecer um sedento mercado de informações particulares, pessoais e até íntimas de pessoas que estão no centro das atenções.

É mais do que fofoca, é uma verdadeira mesquinharia. Mas, penso também que muitos dessas pessoas públicas também se aproveitam para não ficarem no esquecimento. Assim, sempre teremos alguma mulher de elevado conceito em situação constrangedora ou um homem ilibado surpreendido saindo de uma boite daquelas.

Todavia, uma coisa é a língua solta no meio dos famosos, como já afirmei, muitos tem nisso um instrumento para se manterem na notícia.

O problema está quando nossa língua corre solta com um verdadeiro arsenal de maldade, sobre pessoas de nossa família, vizinhança e trabalho. Embora sem distintivos praticamente todos são alistados na DIVA, Divisão de Investigação da Vida Alheia.

A destruição causada por uma língua sem freio não é de hoje. Na Bíblia, mais precisamente na Epístola de Tiago, 3, 7-10 "Todas as espécies de feras selvagens, de aves, de répteis e de peixes do mar se domam e tem sido domadas. A língua, porém nenhum homem a pode domar. É um mal irrequieto, cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos o Senhor nosso Pai e com ela amaldiçoamos os homens feito a semelhança de Deus. De uma mesma boca procede a benção e a maldição."

Eu mesmo, tive a oportunidade de presenciar algo parecido com o mencionado por Tiago. Em uma Igreja Católica um grupo de senhoras rezavam o Terço. Após o terço encontrei uma delas numa fila de supermercado com um comentário muito maldoso sobre um pessoa da vizinhança. O comentário até poderia ser considerado normal para uma sociedade que gosta e aprecia o saber da vida alheia, mas logo após a reza do Terço é demais. Tiago estava certo e mais do que isso, apresentou um conselho que se mostra necessário até hoje e certamente deverá ser repetido por muitos anos ainda.

O objetivo aqui não é estabelecer regras de comportamento. A questão e bom senso e respeito. A língua rasga, destrói, causa ferimentos incalculáveis e de longo prazo. Além disso, há um complô do uso da língua quando aplicada para o mal. Para estragar e ferir uma palavra é suficiente. Ninguém duvida, ninguém questiona. O aceite do que foi dito de forma leviana para se tornar uma verdade e ainda mais em ser difundida é de uma velocidade impressionante.

Por outro lado, quando a língua entra em ação para o bem ou para defender a si ou a outrem, mil palavras não serão suficientes. Talvez sejam necessários anos a fio. Possivelmente vão reconhecer o engano e o estrago causado após sua morte e olhe lá, com sorte talvez na sua quarta geração. Ai gritarão a justiça tarda mas não falha. Ora isso é hora?

Com isso, podemos dizer que o mal e nossa língua possuem um acordo de produção e distribuição tão eficiente que nenhum mega sistema de logística é capaz de elaborar.

Por isso, aproveito o momento para aconselhar com o Salmo 33, 14 "Guarda tua língua do mal. E teus lábios das palavras enganosas."

Que todos saibamos domar nossas línguas e que sejamos capazes de nos defender das línguas dos outros.

Abraço.




quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Tudo se Compra?



A capa da revista Veja na semana passada trazia a seguinte chamada:  “Ela vendeu a virgindade. Será que estamos virando uma sociedade onde tudo se compra?”

Eu não entendi se a Veja está querendo questionar a virgindade ou se seus editores erraram o tempo verbal do questionamento sobre “uma sociedade onde tudo se compra” ou se estão míopes com relação a real situação da sociedade, onde ela não está virando um tudo se compra. Nós já somos essa sociedade.

Eu não li a reportagem e não conversei com quem leu até para não ser influenciado e me manter na chamada da Capa.

Se a Veja queria questionar ou passar alguma lição de moral quanto a virgindade está no mínimo uns 40 anos atrasada ou ainda não sabem sobre o evento Woodstock ou sobre a revolução feminina.

Além disso, virgindade é algo muito particular e embora entendo que a virgem leiloada não tenha acordado num belo dia de sol e gritado da janela e seu quarto: “Hoje eu vou leiloar minha virgindade, quem dá mais?” e sim foi influenciada por causas além de sua vontade individual, perder sua virgindade é decisão só dela e pronto.

Freud afirmou que não somos responsáveis pelo que fizemos, por sermos vítimas de imposições. Daí, podemos concluir que em que pese pareça uma decisão de foro íntimo, ao decidir leiloar sua virgindade, essa moça não o fez usando do seu livre-arbítrio.

Mas, por vontade ou não, a Veja não tem o que questionar ou deixar margem para uma discussão moral sobre virgindade. E mais, se a moça for seguidora da Igreja Católica, bastará utilizar do sacramento da Confissão e estará perdoada por seu Deus. Daí conclui-se que não há mais o questionar sobre esse tema.

Em relação a “surpresa” de uma sociedade em transformação onde tudo se compra... Bem, será que os editores assistiram o filme Proposta Indecente, 1993 com a Demi Moore. Neste filme, um casal em dificuldades financeiras vai para Las Vegas tentar a sorte. Lá conhecem um milionário que oferece US$ 1,0 Milhão ao marido da Demi, para permitir que ela vá para a caminha com ele por apenas uma noite. Eu não vi o filme ainda e acho que os editores da Veja também não.

Fica a impressão de que quando viram nos sites de notícia a questão do leilão da virgindade, os puritanos editores, exclamaram:  “Nossa! É o fim do mundo.”
A Veja poderia ter se dedicado aos crimes de corrupção, pois já vivemos e faz tempo uma sociedade onde tudo se compra.

Qualquer pesquisa em sites de busca vamos encontrar notícias sobre venda de órgãos com mais de 20 anos atrás, compras de votos de parlamentares, mercado paralelo de crianças.
Pesquise um jornal do Pará de uns 10 anos atrás que você vai encontrar um chocante foto de uma jovem menina com a placa vende-se pendurada em seu pescoço colocada por seus próprios pais.

A mídia é muito poderosa em influenciar nossas opiniões, ditar moda e costumes, mas colocar uma chamada com um ingênuo espanto sobre a real sociedade que vivemos onde há muito se comprar de tudo, é lamentável.

Esta edição me fez lembrar uma Professora de ESPB – Estudos Sociais e Políticos Brasileiros, nome politicamente correto em substituição a Educação Moral e Cívica, enfim, esta Professora nos alertava quanto a leitura dos jornais e revistas lá nos meados dos anos 70, “Leiam as entrelinhas.”
É Professora, a Senhora deu um conselho de grande importância. Nos incentivou ao espírito crítico a não aceitar passivamente o que nos colocam e nos forçam a acreditar.

Nossa sociedade ainda é retrógada enquanto permanece discutindo algo de foro íntimo como a virgindade e é condicionada a acreditar que só agora vivemos uma situação onde tudo se compra, enquanto continuamos a aceitar a escalada da violência de forma passiva, a nos curvamos frente a excessiva carga tributária, a concordar com a elevada remuneração dos nossos políticos, a pagar escola e segurança particular e também o plano de saúde, ou seja, serviços básicos que o Governo nos deve e não nos oferece.

Enfim, parece que nossos únicos problemas são virgens em leilão e milionários que compram de tudo até o nosso silêncio e passividade.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A questão do Perdão.


Em meu último texto “Finados” coloquei que em vista da certeza da morte, o ideal é viver a vida de bem com ela própria e uma alternativa para isso era exercer o Perdão.

Não estou aqui defendendo a ideia de um círculo contínuo ao estilo proclamado pela Igreja Católica, onde basta você confessar que seus pecados estão perdoados. Assim, seria fácil ter uma vida de erros, reconhecimento do erro, confissão, remissão dos pecados, e volta a ficar pronto para novos erros e assim por diante.

Essa proclamação nem sempre reforça a questão do conteúdo do erro, mas destaca a superioridade do ser 
divino, no caso o Deus Pai todo Poderoso na sua capacidade de perdoar.

“Quem dissimula suas faltas não há de prosperar, quem as confessa e as detesta, obtém misericórdia.” Provérbios 28,13

Aqui o poder do Perdão é divino. Eu me recordo de um admirado casal de Palestrantes na minha juventude na cidade de Santos, o Sr Danton e sua esposa Sra Marlene. Ela em suas palestras afirmava: “Deus perdoa sempre, os homens as vezes e a Natureza nunca.”

Mas, para que serve na prática o perdão? Qual motivo de considerar a capacidade do pleno perdão a uma ação divina e não humana?

E mais do que perdoar, qual é a nossa real capacidade em reconhecer erros e pedir perdão. Aliás, pedir o perdão deveria ser mais fácil que o seu inverso, o perdoar.

Certa vez, em uma situação de conflito um jovem em seus 25 anos se viu numa situação de pedir perdão e iniciou o seu pedido com a informação de que aquele ato era inédito e por isso deveria ser valorizado... 

Como assim? Eu  pensava na ocasião. Este jovem jamais viveu uma situação de pedir perdão? O rapaz é um perfeito, não erra.  Entendo que a única explicação para isso é a existência de um mundo somente para ele com suas próprias regras, sendo a primeira: Eu não estou sujeito a pedir perdão, pois minhas ações nunca me levarão a isso. Diferente, não? Mas, aposto que você visualizou pelo menos uma pessoa do seu círculo de relacionamento ou família que pensa assim.

Para mim, pedir perdão é semelhante aquelas modalidades esportivas, onde na sequencia de um erro, você tem uma chance para uma nova jogada. Mas, nem todos os esportes são assim. No futebol, por exemplo, em situação de pênalti se o jogador erra, já era.

A vida é assim, tem momentos que você pode tentar pedir perdão e aí você tem 50% de chances de ser perdoado. Em outros momentos, sinto muito, não tem perdão. E se tiver será só de Deus. Este perdoa 
sempre.

No entanto, pedir perdão é muito mais uma tentativa de correção na busca de conciliação de viver bem. Mas, não abuse disso. Quem perdoa, assim o faz, acreditando que o seu ato será acompanhado por uma reformulação da sua pessoa. De forma, que o motivo que causou a situação de conflito não seja repetido.

Eu já tenho algumas escolhas bem definidas. Dependendo da situação eu estarei predisposto a perdoar. Por outro lado, aviso, sem abuso. Perdoar não é assinar uma autorização para ser enganado ou explorado. É uma aposta. É um voto de confiança.

Mas, minha predisposição em perdoar, não me garante um perdão geral e irrestrito. Dependerá muito do erro cometido, para quem foi, o que foi afetado, danos e transtornos causados. Aliás, em última análise um acordo de qualquer esfera judicial é uma espécie de perdão mediante pagamento em dinheiro, trabalhos sociais ou prisão. Mas esse não é foco desta discussão.

Enfim perdoar e pedir perdão, o que importância tem isso para você? Quantos relacionamentos bons você perdeu só por não ter perdoado? E quantos outros você perdeu por não ter pedido um perdão?

Por isso, que eu digo, eu estou sempre predisposto a perdoar. Como também, estou sempre abandonando alguns pontos de vista para pedir perdão. Seja numa situação ou em outra, se isso ocorrer de forma sincera, permitindo e favorecendo mudança para melhor, que represente um crescimento pessoal e que resgate os bons relacionamentos, por que não?

Não vou pedir desculpas se você não gostou do texto. Nesse contexto, pedir perdão não se aplica. Este texto não está submetido a uma regra e portanto não está sujeito a perdão.

Mas, se você me pedir desculpas, por não ter lido ainda um dos meus textos do blog, então direi: “Tá bom, eu perdoo você, mas daqui em diante deverá ler todos os textos toda a semana.”

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Finados




Finados é um feriado naturalmente introspectivo e que nos leva a reflexões sobre o desagradável tema que é a morte.

Nesse dia, visitamos cemitérios, recordamos amigos e entes queridos que não mais vivem e só existem em nossas lembranças.

Em uma aula de Estatística o Professor no primeiro dia destacou a única certeza que temos é a morte. Por coincidência um amigo estatístico, o Sr Escaravelho, durante um bate papo afirmou: “Eu tenho certeza de que não vou morrer.” Eu prontamente respondi: “Eu tenho.”

Em recente entrevista para a Radio Bandeirantes de São Paulo, a cantora Vanusa citou que seu ex-marido, Antonio Marcos, falecido em 1991, dizia: “Eu não vou morrer, vou ficar encantado.”

Seja como for a forma de ver a morte, essa é uma realidade da qual não há como evitar. O filósofo Schopenhauer cita em uma de suas obras: “Cada sopro da nossa respiração afata a morte que nos assalta; lutamos contra a morte a cada segundo, e lutamos ainda com largos intervalos toda vez que nos alimentamos, que dormimos, que nos aquecemos, etc... Mas a morte é destinada enfim, a vencer. E ela não faz mais que brincar com sua presa antes de devorá-la.”

Isso é cruel. Até a Bíblia é fria e direta no tratamento da morte, no Livro O Eclesiastes, 8,8 temos “O homem não é senhor de seu sopro de vida, nem é capaz de o conservar. Ninguém tem o poder sobre o dia de sua morte, nem a faculdade de afastar este combate.”

Não é o objetivo deste texto parecer algo pessimista ou derrotista. Mas de fato nossa briga contra a morte só nos dá como recompensa um tempo a mais para viver. Então qual é qualidade de vida que você quer ter em até encontrar com a morte?

James Dean, ator morto aos 24 anos, deixou a seguinte frase: “Sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã.”

De certa forma James Dean sabia da brevidade da vida, talvez não soubesse o quão breve seria para ele próprio. No entanto, se aplicou sua frase, certamente viveu intensamente o seu sonho de viver.

Aliás, se vivêssemos nossos dias como sendo o último acredito que a qualidade do viver seria maior e melhor. De alguma forma nosso pensamento iria estabelecer não somente uma lista de desejos, mas uma lista de prioridades.

Eu por exemplo, busco apagar toda mágoa, toda amargura. Busco perdoar e pedir perdão. No meu entendimento o perdão é o caminho da paz de espírito. Procuro me conhecer, entendo que quanto mais me conheço, melhor fico como pessoa e assim poderei ser sempre querido e enquanto assim for, mesmo que morto físicamente, serei lembrado com carinho por pessoas que me querem bem e assim driblar a morte em seu conceito de perda definitiva.

Siga meu conselho, se você tem alguma divergência com alguém e esta lhe incomoda, não perca tempo, você nem sabe se o tem, então o quanto antes, resolva essa pendência e evite novas.

Viva intensamente bem com o seu maior tesouro: sua paz. Elimine seus tormentos, curta a vida com o melhor da vida. Priorize seus relacionamentos, busque o entendimento e se for o caso, o próprio perdão. Sem que isso signifique sacrifícios a sua vida e sim crescimento.

Pode parecer uma sugestão muito simplista e assim quanto mais simples parecer, mais correta será.

A certeza contra a certeza da morte é: você estará sempre vivo na lembrança das pessoas que continuarão a viver depois que você morrer. E quanto melhor você for mais pessoas prolongarão a sua vida.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Honestidade



Em tempos de eleição no meio de muitas discussões sempre está presente a discussão sobre honestidade dos candidatos. Afinal, nosso voto é uma procuração que fazemos a eles para nos representarem e também para manipularem os recursos públicos formados pelos impostos que nos recolhem.
Nossas exigências sobre honestidade por vezes podem ser controversas e restritas.
A nossa exigência é controversa quando o ato desonesto nos oferece vantagem. O principal  exemplo atual está relacionado ao polêmico gol do Barcos do Palmeiras.
O jogador fez o gol com mão e depois foi um excelente ator na reação de indignação frente a anulação. Ainda no futebol, a França esteve presente na última Copa através de um lance de mão. E o que falar então do gol de Maradona, o “Gol Mão de Deus”.
Para Palmeirenses, Franceses e Argentinos a falta de honestidade lhes é favorável e portanto pode ser aceita naturalmente.
Você quando recebe um troco a maior de um caixa de banco ou do comércio, você devolve ou fica com o recurso? Não vale responder depende. Tem que ser Sim ou Não.
Então honestidade embora seja algo que exigimos, por vezes pode acontecer de não praticarmos e pior, caso alguém pratique um ato desonesto que nos resulte em vantagem, não iremos bancar o paladino da justiça e ficaremos bem quietinhos.
O quanto é errado furar um fila? Se você for o beneficiado, então não há erro. Mas se você for prejudicado será capaz de fazer um grande escândalo, fazer esbravejantes discursos em nome da moral e da honestidade.
Devemos sim exigir a honestidade nas pessoas e em seus atos, mas também precisamos refletir o quanto praticamos atos que podem ser interpretados como desonestos por pessoas que nos cercam.
Além disso, como não é possível prever o quanto seremos ou não atacados por atos ou pessoas desonestas, precisamos ficar atentos. Atentos aos que nos cercam sejam conhecidos ou desconhecidos. Não podemos ser inocente ao extremo e super honesto em um mundo pouco confiável.
Não estou aqui pregando a desonestidade e sim defendendo que devemos ser honestos, mas não bobalhões. Espertos, mas não trapaceiros.
Precisamos refletir sem o véu da honestidade se um ato nosso irá ou não prejudicar uma ou mais pessoas. Se irá ou não interferir em nossa paz interior. A sua honestidade não é você que mede. A exemplo do que fazemos a honestidade é algo que exigimos e percebemos nos outros com base em nossos valores de formação.
Eu gostaria de dedicar este texto a Sra Brasilina, profissional doméstica, que encontrou o aparelho celular de um amigo e seguiu seus conceitos de honestidade entrando em contato com ele para combinar a entrega e recusou a gratificação oferecida. Eu tive o prazer de acompanhar o encontro da entrega do aparelho.

Pessoa simples, a Sra Brasilina, não viu naquele aparelho uma oportunidade de tirar proveito e prejudicar uma pessoa. Certamente seguiu seus valores de formação e mais do que um ato de honestidade, praticou um ato de cidadania,  de apoio a um desconhecido e sem querer nada em troca. Apenas a sensação de um bem estar interior que lhe permitiu mais uma noite tranquila de sono e paz com sua consciência.

Parabéns Sra Brasilina.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amar é...



Em tempos quando não existiam as redes sociais, também se trocavam mensagens de amor e carinho.  Não havia tecnologia, e muitas manifestações de sentimentos eram feitas através de cópias reprográficas, cartões, livros e até figurinhas.

Entre essas manifestações em época sem internet e celular  a série “Amar é...” foi um grande sucesso, pura febre. De figurinha a livros a série conquistou a todos os amantes de 0 a 100 anos de idade.

A semelhança com as atuais redes sociais é que as mensagens de amor eram todas em lindos cenários, situações felizes, paz constante, compreensão e nenhuma interferência externa para atrapalhar a relação. A mensagem ontem e hoje eram iguais: “O Amor é lindo.”

Mas, será que uma relação amorosa entre duas pessoas é assim um cenário de paz e harmonia, tal como as postagens nas redes e nas fofinhas figurinhas de “Amar é...” ?

Sem dúvida, existe  uma grande distância entre o Amor dos poemas, novelas,  postagens, figurinhas e o amor da vida real. A vida, por vezes cruel, está e estará desde o início colocando o Amor à prova. A partir do momento que você sente o Amor por alguém vem junto as dificuldades, não é? A primeira é a mais comum de todas: será que o seu amado ou amada o ama também?

O sentimento “Amor” capaz de manter vizinhos por estreita linha o Céu e o Inferno, é complexo, inexplicável e muito associado a problemas.

O Psicólogo e Terapeuta suíço, Carl Gustav Jung em 1922 escreveu: “O amor é sempre um problema, qualquer que seja a faixa etária do ser humano que ele ocorre.”

Quais as razões para uma argumentação dessa? E embora pareça grosseira, aposto que num primeiro momento concordamos com ela.

Na minha opinião, o sofrimento que por vezes é associado ao Amor ocorre devido a um detalhe: Amor não é exatamente um sentimento. Amor é um caminho que você decide seguir. Em outras palavras: Amor é o resultado de uma decisão que tomamos num instante em nosso presente acreditando e apostando em expectativas positivas para o nosso futuro.

E assim como toda decisão com retorno no futuro, é uma decisão de risco. Afinal o futuro é incerto e incerteza é risco.

E por quais motivos brigamos e sofremos tanto por esse Amor? Em parte por orgulho próprio e em parte por não aceitarmos com facilidade o erro de uma decisão e em outra parte pelo medo de tomar uma nova decisão e esta também se mostrar errada. Então brigamos para ajustar os parâmetros das expectativas do futuro.

E onde está o romantismo divulgado nas mensagens de amor que vendem para nós?  Bem, esse romantismo é uma utopia. Ele não é real no momento da nossa decisão pelo Amor, mas nós o consideramos como elemento vivo, obrigatório e infinito. Ele até pode ser assim, mas não é uma ocorrência em todos os casais e em toda a vida da relação a dois.

O romantismo é uma sensação que necessitamos e buscamos no parceiro, mas nem sempre ele está lá. As vezes está em tons de cinza. “...enquanto beijava suavemente a sua nuca, junto com seu cabelo macio, sentia um doce sabor de mel em seu discreto suor, revelando o calor de seus corpos...”  Romântico, não? Eu não sou romancista, mas acredito ter provocado em você a sensação do romantismo nesse improvisado trecho que elaborei.

Não estou duvidando do Amor e do Romance. Para mim e na minha experiência de vida eles existem. A minha decisão de Amor no passado já atendeu a muitas expectativas bem como já me concedeu inúmeras alegrias não esperadas no momento da sua decisão. Seria hipocrisia dizer que há uma renovação diária, até mesmo porque padronização não combina com o dinâmica das decisões do Amor, mas com certeza há uma constante renovação das decisões pelo Amor com novas expectativas de futuro.

Aprendi e a minha vivência confirmou a teoria: Amor exige Renúncia e Renúncia exige Reciprocidade. 

E por livre expressão da minha parte visualizo essa teoria da seguinte forma:  Decisão (Amor) implica em risco (renúncia) e risco exige retorno (reciprocidade).

Se você decidiu o caminho do Amor e só vive em sofrimento, então você precisa rever sua decisão.

Afinal se cabe a você a liberdade da decisão pelo Amor, decidir viver no sofrimento é decidir ser escravo de si mesmo.

Para terminar gostaria de revelar uma das frases que reproduzi num cartão que entreguei para a minha esposa, na ocasião namorada, de forma a "ajudá-la" na sua decisão pelo Amor.

“O Amor eterniza os rápidos minutos e reduz as distâncias indefinidas a um ponto.”

A frase foi tirada do Livro Vitrais do Mundo escrito em 1970 pelo Padre Católico e Filósofo Waldemar Valle Martins, que foi Pároco da Igreja do Senhor dos Passos na minha querida cidade de Santos (SP):

Um grande Amor a todos,

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Gente se Acostuma


Em minha última sessão de Fonoaudiologia, tive como tarefa ler um texto onde deveria ressaltar os “esses” prolongando-os e ao mesmo tempo forçando um sorriso

Assim comecei a ler aquele texto publicado em 1972 no Jornal do Brasil e tão logo os primeiros forçados sorrisos eram formados o texto iniciou sua invasão na minha mente, que atualmente é estagiária em Filosofia, e não resistiu a provocação da reflexão.

Então, imaginando a cena: eu lendo e forçando os “esses” e um sorriso “amarelo” com: A gente se acosssssssssstuma... e aos poucos transferindo o pensamento da obrigação do exercício da leitura para a inevitável reflexão.

A concentração nas obrigações do exercício logo se perderam,  em especial no trecho A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos.”, daí até o fim eu já nem percebia se estava ou não forçando o sorriso e os fonemas com “s”

Ao final não estava preocupado com o exercício e sim com a profundidade do texto que acabara de ler.

Logo as reflexões dos motivos que nos levam a nos acostumar com fatos e rotinas indesejáveis, injustas, inaceitáveis e mais do que isso, provavelmente evitáveis, já estavam em ebulição na minha mente.

Será que somos tão passivos a aceitar tudo que nos impõem mesmo que sejam “coisas” e situações que não nos fazem bem?

Onde está a nossa força para um BASTA. Isso tem que ser modificado e melhorado? Isso não é bom para mim e nem para ninguém. Como mudar? Como rejeitar?

Talvez no nível individual de fato queremos o “basta”, mas e em nível coletivo como sociedade, seriamos considerados loucos, subversivos, utópicos...

Mas, venha comigo, na sequência reproduzo o texto que tive como exercício, com o título “Eu sei que não devia” de Marina Colasanti,

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os  mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando  não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Agora, aqui entre nós: com um texto assim, tem como se concentrar em exercícios de fono?

...não vou me acostumar.. não vou me acostumar... (Peço ao Nando Reis a minha licença poética em substituir o adaptar por acostumar.)

Um abraço a todos







quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Viver é sofrer?


O filósofo Arthur Schopenhaeur (1788-1860) em seu livro “Do mundo como vontade e representação”, destaca que: Viver é Sofrer.

De imediato, discordei. No entanto, lendo seus argumentos para sustentar sua teoria, Schopenhaeur, coloca que partindo de nossas vontades, todo obstáculo para a sua realização é sofrimento e o sucesso da realização da vontade é a felicidade.

Portanto, ele conclui que cada aspiração ou vontade nasce de um descontentamento e daí nasce o sofrimento, até que essa vontade seja satisfeita e aí a felicidade. Porém, se não houver sofrimento não haverá vontade e não haverá vida.

Assim, para ele, o sofrimento é a razão de viver.  Será que viver é mesmo sofrer? Vamos então convocar o Dante em sua Divina Comédia. O Inferno está cheio de sofrimentos, seria a vida terrena? Na Divina Comédia o Paraíso está dividido em material e espiritual, ou seja, parte da felicidade nem está na vida terrena.

Coisa doida, não é? Então vamos aos dias de hoje. Como foi o seu dia? Pare um pouco agora e faça um quadro dividido em duas partes. Na primeira coloque fatos e eventos que lhe proporcionaram sensação de alegria e felicidade. Na outra parte coloque aqueles que resultaram em sensação de tristeza e sofrimento.

Se você conseguir achar eventos de felicidade você é um diferenciado. Se achar um único já é motivo para ser invejado.  Não vale as sensações de alegria quando seu time do seu esporte favorito vence um campeonato ou se seu político preferido ganhou as eleições. Também não vale comemorar a vitoria do seu Brother ou Sister do BBB. Tem que ser uma conquista sua.

Agora, no lado de tristezas e sofrimentos devem ter alguns, não é? Seja a pressão no trabalho, a incompreensão da pessoa amada, de algum desafeto na família ou com pessoas do seu relacionamento.  Contas a pagar, objetos de desejo com pequenas possibilidades de serem conquistados dentro do seu cenário atual. Situação precária de trânsito e transporte, clima, juros, inflação, violência, metas de trabalho, injustiças presenciadas, fantasmas que criamos, ilusões. Difícil, não é? E isso, sem contar doenças e outras restrições.

O Frei Anselmo Fracasso, em seu livro  A Arte de Viver Feliz, escrito em 1988, destaca: “Neste mundo não há felicidade plena nem perfeita.”
O que nos resta então é concordar com o Sr Schopenhaeur? Seria viver, sofrer? O ser humano é movido a sofrimento? A dor é o motor da nossa vida?

Na visão de Dante e do Frei Anselmo a felicidade não é aqui. Mas, quem garante que seremos felizes depois de mortos? Essa resposta depende da sua linha religiosa, é claro.
Mas será que isso seria apenas um consolo uma vez que as suas chances de conquistar o que você considera suficiente para ser feliz são pequenas e o tempo de sua vida terrena está correndo, correndo, correndo?

De fato, estou quase concordando com o Sr Schopenhaeur. Mas, terei a ousadia de discordar e tentar basear meu argumento. Para mim, a Felicidade é uma sensação de bem estar a qual você sente conforme os parâmetros que você estabelece. O que é ser feliz para você pode não ser para outro. Os voluntários de entidades de saúde, exemplo Cruz Vermelha, convivem com a dor e o sofrimento a todo instante. Para eles o raro sorriso de um paciente é suficiente para sua sensação de felicidade, bem como, saber que conseguiram enganar a morte que cerca seus pacientes é outro bom motivo para a felicidade.

Para muitos a felicidade é simplesmente o fazer nada. A felicidade depende de nós. Agora, também de nada adianta você ter uma lista de desejos se dia após dia você nada fizer para conquistá-los.
Eu ouso afirmar que a felicidade está no controle das suas mãos, das suas ações. Você decide o que é felicidade para você e a partir daí, vai a luta.

Não se renda as “conspirações” sociais, religiosas e de toda a mídia em que você está exposto. Tenha seus valores, suas vontades e seja feliz.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Eleições? Quando, onde? É feriado?


Meus amigos e minhas amigas, no próximo domingo teremos eleições para Prefeitos e Vereadores. Eleições me levam a boas lembranças quando criança. Lembro de meus pais se preparando para votar, bem arrumados e com olhar sério. Aliás, tudo parecia muito sóbrio, desde o ambiente nos locais de votação até o clima da cidade. Os locais de votação não eram tão numerosos como hoje e por vezes distantes da nossa casa. E exceto se eu estiver enganado, as eleições eram no Feriado de 15 de Novembro.

Para mim, votar era um ato tão importante que lembro o dia que peguei meu título de eleitor. Foi marcante,  vejo como se fosse hoje aquele  balcão do Cartório Eleitoral, paredes com um branco digamos, não tão branco assim e divisórias cinzentas. Na saída olhava todo orgulho para o meu título. Tinha foto acreditem.

No entanto, o orgulho de eleitor foi diminuindo com o passar do tempo.  Não é por menos, basta ler qualquer jornal dos últimos anos sobre políticos do nosso Brasil e não há nada para se orgulhar. 

E também não adianta aquela conversa mole de que cada povo tem o político que merece. Embora o Pelé em sua clássica afirmação: “o povo não sabe votar” tenha um pouco de razão.

Eu estou convencido da existência de “grupos de eleitores”, que são criados pelos Políticos “chaves” e após calcularem de quantos votos precisam para serem eleitos definem os “grupos de eleitores” e quem serão os “eleitos”. Eventualmente surgem os “Eneás”, “Clodovil”,  os “Tiriricas” que desviam alguns dos votos já calculados.

Para mim, o mundo político é um mundo de cartas marcadas. Essas “brigas” pelo voto são apenas uma encenação.  E nós somos uma massa manipulável e entramos nas regras do jogo. Regras essas que nem sequer conhecemos.

Duvída? Vamos aos fatos. A Prefeitura de São Paulo é disputada por 12 candidatos, isso mesmo, 12 candidatos. E aproveito para perguntar:  Você sabe quem são esses 12? Fez uma avaliação de cada um? Buscou informações sobre suas atuações na vida pública e na “privada”? Certamente não. Mas o nome de pelo menos os 4 mais prováveis vencedores você sabe. O que leva você a nem olhar o Manso? É tem um candidato Manso. Eu escrevi "Manso" e não "Ganço", que também está igual a político, não faz nada.

Qual motivo disso? Seria o seu desinteresse por Política?  Na verdade, não. Porém seja lá o que for, você, eu e toda uma massa de eleitores somos, de forma imperceptível, agir exatamente como agimos a cada eleição e que nos levam a optar por um voto sem a devida análise e muito mais por uma força de mídia e outras forças ocultas.

Nunca antes na história desse país tivemos uma quantidade de partidos como as que temos agora. Em São Paulo são uns 20 na disputa eleitoral. Da mesma forma que os candidatos, aposto que você não conhece todos. Aproveitando, você conhece o PPL? Não é o Partido dos Porr.... Louc.... não, é o Partido da Pátria Livre. Ué, não nos ensinaram na escola que no dia 7 de Setembro 1822 a nossa Pátria ficou livre? Então a que Pátria esse partido se refere?  E se não estamos livres, o que estão fazendo para nossa liberdade?

Qual motivo de tantos Partidos? Seria os benefícios financeiros do Fundo Partidário? Ah vá! Você não sabe o que é e nem como funciona o Fundo Partidário? É um fundo especial de assistência financeira aos partidos políticos. Detalhe: esse fundo é formado  com o nosso dinheiro.

De qualquer forma, o que quero manifestar aqui é a opinião de que por mais democrático que nosso processo eleitoral possa parecer, na verdade na hora do nosso voto somos iguais aquelas pessoas em programa de televisão, presos a uma cabine a prova de som onde devemos gritar “SIM” ou “NÃO” e só depois vamos ver se a nossa teve alguma dose de sorte. Nada mais além disso.

Será que somos assim tão manipuláveis?

Talvez sejamos, mas não devido ao mundo atual e seus valores. Vejam só o trecho contido no livro o Príncipe de Maquiavel  (1469-1527), tem quase 500 anos que ele morreu, mas atente ao que escreveu:

“O quão louvável é que um príncipe honre a sua palavra e viva de uma forma íntegra, cada qual o compreenderá. Todavia, a experiência nos faz ver que, nesses tempos (minhas licenças, gente:  são 500 anos atrás) os príncipes que mais se destacaram pouco se preocuparam em honrar suas promessas; que, além disso, eles souberam, com astúcia, ludibriar a opinião pública.”

Minha gente, precisamos de alguma forma aprender um pouco mais de Política. Participar mais da vida pública. A minha sugestão é pelo menos você registrar em quem votou para depois cobra-lo como seu legítimo representante. 

Sabe meu povo, gostando ou não, os políticos somos nós.

Brasileiros e brasileiras, boas eleições.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Filhos a gente cria para o Mundo.

Sabe aquelas frases que são mais para nos enganar do que outra coisa? Exemplo clássico: você diante de uma seringa com uma baita agulha e o portador fala para você: “Não vai doer nada.”


Da mesma forma, quando seus filhos crescem e vão viver suas vidas, o que é absolutamente normal, a frase: “Filhos a gente cria para o mundo.” é a que você mais ouve. Aliás, dita por muitos cujos filhos ainda não “foram” para o mundo. Pelo menos, de quem ouvi nos últimos dias nenhum tem filho com mais idade da filha que tenho.

É verdade que nossos filhos, assim como nós já fizemos, terão em suas vidas o momento do “voo livre”. Isso é fato, eles um dia irão voar. É natural e previsível.

Então qual o motivo desse sentimento de vazio, e sendo exagerado até de perda, quando nossos filhos “voam”?

Difícil, não é? Onde está a falha nesse entendimento de um processo natural da evolução e crescimento do ser humano?

Certamente, Freud, Jung, minha mãe, minha sogra, minhas queridas tias e até o Mestre Baconi possuem suas explicações para isso.

Mas, para não deixar passar, quero aqui ensaiar minha opinião a respeito.

O problema em superar o “voar” de nossos filhos está na dificuldade de quando pais (pai ou mãe) em perceber o que chamo de ciclos da função de pai (e mãe é claro – aliás, em todo o texto quando me referir a pai estarei me referindo a função de pai e mãe).

Este então é o meu ensaio: Ciclos da Função de Pai.

A minha experiência e minhas recentes reflexões me levam a acreditar que nossa função de pai possui quatro ciclos:  O Protetor, o Formador, o Treinador e o Torcedor. Os ciclos a que me refiro iniciam no nascimento do nosso filho e vão até pelo menos o seu primeiro voo.

O Ciclo Protetor é logo quando nosso filho nasce. Você o protege de tudo. O cobre para não sentir frio, arruma o travesseiro, enche de abraços e beijos e você consegue cobri-lo com todo o seu corpo e assim protege-lo de todo e qualquer perigo. Você faz tudo para esse objetivo.

Depois quando seu filho começa a entender sua voz e também começa a falar, ou seja, inicia sua troca de informação com você passa para o Ciclo Formador. Nesse ciclo você começa a passar para ele, os “seus” conceitos de certo e errado, os “seus” conceitos de moral, cidadania, honestidade, honradez, e todos os conceitos que lhe fizeram homem e mulher.

Mais tarde, quando seu filho iniciar as tentativas de voo, tem o início do Ciclo Treinador. Aqui você já identificou alguns pontos a serem melhorados e outros a serem reforçados. Você já sabe quão talentoso é seu filho, suas aptidões e cabe agora a você diante de uma “pedra” tão preciosa, dar o seu toque de lapidação.

Entretanto, eis que é chegado o momento do nosso filho “voar” e aqui é a parte mais difícil. É o início do Ciclo Torcedor. Para mim, o mais difícil em especial pelo fato de que nos dois primeiros ciclos o Protetor e o Formador, você tem a sensação de total controle da situação.

Já no ciclo Treinador esse controle diminui, embora a maioria da vezes nós pais não a percebemos ou simplesmente a desprezamos. Mas, no ciclo Torcedor, a sua sensação de controle descobre o que verdadeiramente ela é, apenas uma sensação. Você na prática nunca teve controle. Dúvida? Me diga, seu filho quando bebezinho parou de chorar ao seu simples comando: “ô meu nenezinho, para de chorar...” Não parou, estou certo disso. É esse controle era apenas uma sensação.

E além de toda uma dificuldade em perceber o nosso correto papel em cada fase do ciclo da função de pai, ainda tem esse detalhe da revelação que a sensação de controle era só uma sensação e não uma verdade.

Como já comentei: isso é natural. Não teria graça nenhuma não sentir isso tudo. Não tem graça nenhuma a deliciosa relação entre pais e filhos seguir um manual de procedimento.

A minha experiência é capaz de separar esses ciclos, mas se um dia eu resolver desenvolver uma pesquisa mais detalhada, não conseguirei encontrar o momento exato onde como um robô eu instrua as modificações do seu “set up” emocional.

E mesmo que conseguisse isso, quem garante que nossos filhos estão vendo e vivendo esses ciclos em sincronia com os pais.

Nós quando filhos, nem sequer percebemos tais mudanças. Mas, tenho uma certeza: quando estivermos em outra vida diferente da terrena, nossos filhos pensarão em nós em todos esses ciclos. Conheço pessoas com seus pais já anjos e rogam proteção, se questionam: “ o que meu pai me diria para fazer.”, “Como é que meu pai gostaria que fizesse isso.”, “Meu pai deve estar torcendo por mim onde quer que ele esteja.”

Tudo isso para dizer que a frase “Filhos a gente cria para o mundo.”, é muito mais um consolo do que uma realidade. E como toda frase falsa, ela restringe o seu olhar ao filho.

Você criou o filho para o mundo, até aí não discutimos. No entanto, alguém já lhe falou que você está nesse mundo também?

Para uma reflexão, apresento um trecho do livro O Profeta, escrito em 1923 pelo romancista e filósofo libanês, Khalil Gibran (1883-1931), que trata sobre Filhos.

E uma mulher, com um bebê ao colo, disse:
"Fala-nos de Filhos.”
E ele disse:
“Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da aspiração divina pela vida. Vêm por vosso intermédio, mas não são de vós; E embora estejam convosco, não vos pertencem.
Podeis conceder-lhes vosso amor, mas não vossos pensamento;
Pois tem seus próprios.
Podeis abrigar seus corpos, mas não tuas almas;
Pois elas abrigam-se no amanhã, que não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procurei torná-los iguais a vós;
Pois a vida não segue para trás nem se retarda com o ontem.
Sois os arcos com o quais vossos filhos são lançados qual setas vivas.
O Arqueiro aponta na direção do infinito, e vos curva com Sua força para que Suas flechas sejam lançadas, rápidas e certeiras, para bem longe.
Ao deixar-se encurvar pelas mãos d’O Arqueiro, sede felizes;
Pois assim como Ele ama a seta que voa, ama também o arco que é estável.”

Dedico este texto à Nicolle, minha querida filha a qual sou seu Torcedor de Carteirinha.

Finalizando, uma vez me questionaram: "Sua filha é muito mimada.". Respondi: É sim, e no que depender de mim sempre será.

Beijo filha querida.

Abraço a todos.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Pulso, pulsa?

Puxa, faz tempo que não escrevo. Well, tentarei ser mais fiel a este espaço que nasceu com o objetivo de expressar minhas opiniões sobre o dia a dia e de alguma forma ser útil para quem o ler.
E atendendo a inúmeras cobranças de um leitor, (não é a mamãe) aqui irão algumas linhas sobre a questão de "Pulso".

Afinal o que é ter "Pulso"?

No livro "O Príncipe" de Maquivel temos a seguinte citação: "...se é melhor ser amado que temido ou o inverso. Dizem que o ideal seria viver-se em ambas condições, mas, visto que é difícil acordá-las entre si, muito mais seguro é fazer-se temido que amado." Em outras palavras podemos concluir que ter Pulso é ser temido.

Será que é possível ter Pulso e ser amado? Eu entendo que não. Na minha opinião ter Pulso como representação de força e marcação de autoridade é acima de tudo uma grande ilusão.

Vejamos alguns líderes, podemos dizer de "Pulso", que surgiram na Segunda Guerra. Sem citar nomes, mas todos eram de Pulso Forte e praticamente todos ao final da guerra estavam derrotados.

Em tempos mais atuais e para continuar provocando a reflexão sobre Pulso vejam só o destaque de manchete da ESPN no início deste ano na saída do Luxemburgo do Flamengo: "Luxemburgo reclama de processo de fritura e diz que faltou pulso à diretoria do Flamengo".

Pergunto: O Pulso, pulsa? O que é ter Pulso? Ter Pulso garante que os fatos acontecerão conforme sua vontade?

Sinto muito em responder: O Pulso não pulsa. Não existe Pulso. E se você acha que tem Pulso e que isso garante a realização dos fatos conforme sua vontade, aí então, pare tudo o que estiver fazendo e procure um analista. Seu nível de frustração atingirá patamares para transformar sua vida num constante transtorno.

E aqui vou me valer da chamada licença poética e incluir um trecho de Freud, na reflexão: De que adianta você ter pulso ou acreditar que o tenha sobre algo se de repente: "a terra treme, se fende e soterra tudo que é humano e obra do homem; a água, que, em rebelião, inunda e afoga tudo; a tempestade, que sopra tudo para longe; aí estão as doenças, que apenas há pouco tempo reconhecemos como sendo ataques de outros seres vivos; por fim, o doloroso enigma da morte, para o qual até agora não se descobriu nenhum remédio e provavelmente nunca se descubra."

A vida nos impões provações e creio que a sensação é que tais provações nos fazem na prática e perder o controle, eu diria mais do que isso, na prática nos revela que não há como exercer o controle.

E a essa realidade, que de forma inconsciente, praticamos atos como uma reação, que seriam para nós a efetivação do "Pulso". E como uma droga em nosso cérebro, vem aquela sensação de bem estar... estou no comando.

Pura ilusão.

O que faz a vida valer a pena é essa constante incerteza quanto ao momento seguinte.

Você poderá ser uma pessoa que interferirá ou que servirá de parâmetro para alguém conhecido, da sua família, filhos até, e também de desconhecidos, mas nunca haverá alguém seja quem for que terá seguido a vida conforme sua vontade.

A natureza humana de cada indivíduo não permite isso.

Portanto, se você acha o "Tal" e que tem "Pulso Firme" e que tudo vai acontecer como você e seu Pulsinho acham que vai acontecer, faça o seguinte: me ligue daqui uns cinco anos e ao som do mar, tomando uma água de côco, vou perguntar: "Ei, você não leu a minha postagem: O Pulso, pulsa?"