Um
dos indicativos de que estou ficando velho é o número de vezes que sou abordado
para dar um conselho.
Mas,
o que me concede uma autoridade para aconselhar e opinar sobre escolhas de
outros?
Em
geral recorremos a conselhos quando a dúvida é grande e estamos inseguros
quanto as consequências das decisões que estamos para tomar.
Quando
me pedem um conselho a primeira coisa que sinto é uma grande responsabilidade
pelo impacto que a minha orientação poderá causar na vida daquela pessoa. Por
outro lado sinto uma grande honra e a confirmação de que estou ficando com o “jeitão”
de um senhor confiável e agradável.
Para
Thomas Hobbes, filósofo inglês em seu livro Leviatã 1651, “Por mais capazes que
os conselheiros sejam em qualquer negócio, o benefício de seu conselho, ao dar
sua opinião a uma pessoa, é maior quando explicam suas razões.”
Embora
Hobbes se referia a conselheiros escolhidos por governantes com o intuito de contribuírem
com seus governos e na solução de conflitos não previstos em leis, associo o
papel desse conselheiro quando somos convocados por alguém que confia em nós.
Contudo,
será que todo conselho é bom?
Para
Maquiavel, pensador do século XVI, “Um príncipe, portanto, deve sempre buscar
conselho, mas apenas quando ele o quer, não quando o querem os outros.”
Então
será que é sempre bom, ou só é quando queremos? Será ainda melhor se o conselho
coincidir com o que estamos tendendo a decidir.
Na
Revista Filosofia de Setembro/13 temos o artigo “Um desprendimento impossível”
de André da Silva Bueno, sinólogo e Doutor em Filosofia, há um destaque:
“Precisamos
nos desprender das coisas materiais; mas como, se são elas que nos sustentam?”
Então
de adianta dar esse conselho para alguém?
O
bom conselho então seria aquele onde são colocadas alternativas, mas sobretudo,
aqueles que provocam a pessoa a refletir sobre os aspectos e consequências de
sua decisão e mais do que isso assegurar confiança suficiente para ir frente.
Agora,
se alguém que buscasse a glória pedisse um conselho ao filósofo alemão
Friedrich Nietzsche, este diria “Renuncia a vaidade, se aspiras verdadeiramente
a glória.”; será que este conselho seria seguido?
Concluindo,
conselho pode até ser bom, mas exige uma grande carga de responsabilidade. Mais
do que isso, se você concede um conselho é porque lhe atribuíram uma autoridade
a qual você nem sabia que a possuía. Quando pede, está concedendo essa
autoridade a alguém na qual você tem uma enorme confiança.
Conselho
é bom, contudo, vale destacar o que o filósofo Sêneca, nascido em 4 a. C.
afirmou: “É inútil dar conselhos à um sábio e aconselhar um ignorante é perca
de tempo.”
Foto: Arquivo Pessoal: Uma tarde no parque Trianon, Av Paulista - setembro/2012.