Em novembro é celebrado o Dia de
Finados. Data para relembrar amigos, parentes e outros entes queridos falecidos.
Neste dia visitamos seus túmulos, mini capelas e locais de suas cinzas. Enfim,
neste dia parece que buscamos um encontro com que nunca mais iremos ver na sua
forma humana. É dia de oferecer novas flores, velas, uma limpeza na lápide. Uma
forma transcendental de carinho independente de credo, classe social e outros
hábitos e costumes. Uma tentativa de oferecer um conforto material para quem
jamais o receberá.
Então por quais motivos agimos
assim nesse dia? Carinho? Saudade? Remorso? Uma tentativa de oferecer em morte
o que não foi oferecido em vida?
No dia de Finados tem um outro
ponto a ser destacado. Neste dia convivemos pacificamente e sem medo com quem
mais tememos: a morte.
E por qual motivo tememos a
morte, se ela é certa? Será a influência religiosa, onde muitas associam morte
a fracasso? Será o nosso medo marcado pela angústia de como viverão nossos
entes queridos com nossa ausência?
Desde crianças somos ensinados a
temer a morte a ponto desse temor nos produzir a falsa sensação de que nunca
morreremos e a considerar um forte tabu a sua discussão.
Para Heidegger, Filósofo Alemão
do Século XX, a morte plenifica a existência. Na Revista Filosofia de Outubro
2013, no artigo “Sobre a Necessidade de Morrer”, os Professores de Filosofia Mateus
Ramos Cardoso e Wellington Lima Amorim destacam: “A morte não deveria ser vista
como uma surpresa, mas como uma possibilidade sempre presente em nosso
cotidiano, uma vez que ela ocorre dentro do mundo, ela vem ao nosso encontro e
nós vamos ao encontro dela.” Eles também reforçam: “Não falar da morte não faz
você mais imortal.”
Para Schopenhauer, Filósofo
Alemão do Século XIX “Por mais temida que seja, a morte não pode ser um mal.”
Na minha opinião, antes de
encarar a morte, precisamos estar cientes de nossa finitude. Encarar essa
condição com naturalidade e não fugir das discussões sobre morte, não deixar de
tratar assuntos que só podemos resolver vivos, não deixar de registrar a quem
vive com você questões importantes para sua pós morte, como por exemplo ser ou
não cremado, doar ou não órgãos.
Quem sabe se ao refletirmos sobre
a morte não nos tornemos mais vivos.
Foto: Arquivo Pessoal tirada em
2012 durante minha visita a Cripta da Catedral da Sé (SP) cultura em mármore:
Jó, o afligido do Senhor, por Francisco Leopoldo.