Em meu último texto “Finados” coloquei que em vista da
certeza da morte, o ideal é viver a vida de bem com ela própria e uma alternativa
para isso era exercer o Perdão.
Não estou aqui defendendo a ideia de um círculo contínuo ao
estilo proclamado pela Igreja Católica, onde basta você confessar que seus
pecados estão perdoados. Assim, seria fácil ter uma vida de erros,
reconhecimento do erro, confissão, remissão dos pecados, e volta a ficar pronto
para novos erros e assim por diante.
Essa proclamação nem sempre reforça a questão do conteúdo do
erro, mas destaca a superioridade do ser
divino, no caso o Deus Pai todo
Poderoso na sua capacidade de perdoar.
“Quem dissimula suas
faltas não há de prosperar, quem as confessa e as detesta, obtém misericórdia.”
Provérbios 28,13
Aqui o poder do Perdão é divino. Eu me recordo de um
admirado casal de Palestrantes na minha juventude na cidade de Santos, o Sr Danton
e sua esposa Sra Marlene. Ela em suas palestras afirmava: “Deus perdoa sempre, os homens as vezes e a Natureza nunca.”
Mas, para que serve na prática o perdão? Qual motivo de
considerar a capacidade do pleno perdão a uma ação divina e não humana?
E mais do que perdoar, qual é a nossa real capacidade em
reconhecer erros e pedir perdão. Aliás, pedir o perdão deveria ser mais fácil
que o seu inverso, o perdoar.
Certa vez, em uma situação de conflito um jovem em seus 25
anos se viu numa situação de pedir perdão e iniciou o seu pedido com a
informação de que aquele ato era inédito e por isso deveria ser valorizado...
Como assim? Eu pensava na ocasião. Este
jovem jamais viveu uma situação de pedir perdão? O rapaz é um perfeito, não
erra. Entendo que a única explicação
para isso é a existência de um mundo somente para ele com suas próprias regras,
sendo a primeira: Eu não estou sujeito a pedir perdão, pois minhas ações nunca
me levarão a isso. Diferente, não? Mas, aposto que você visualizou pelo menos
uma pessoa do seu círculo de relacionamento ou família que pensa assim.
Para mim, pedir perdão é semelhante aquelas modalidades
esportivas, onde na sequencia de um erro, você tem uma chance para uma nova
jogada. Mas, nem todos os esportes são assim. No futebol, por exemplo, em
situação de pênalti se o jogador erra, já era.
A vida é assim, tem momentos que você pode tentar pedir perdão
e aí você tem 50% de chances de ser perdoado. Em outros momentos, sinto muito,
não tem perdão. E se tiver será só de Deus. Este perdoa
sempre.
No entanto, pedir perdão é muito mais uma tentativa de
correção na busca de conciliação de viver bem. Mas, não abuse disso. Quem
perdoa, assim o faz, acreditando que o seu ato será acompanhado por uma
reformulação da sua pessoa. De forma, que o motivo que causou a situação de
conflito não seja repetido.
Eu já tenho algumas escolhas bem definidas. Dependendo da
situação eu estarei predisposto a perdoar. Por outro lado, aviso, sem abuso.
Perdoar não é assinar uma autorização para ser enganado ou explorado. É uma
aposta. É um voto de confiança.
Mas, minha predisposição em perdoar, não me garante um
perdão geral e irrestrito. Dependerá muito do erro cometido, para quem foi, o
que foi afetado, danos e transtornos causados. Aliás, em última análise um acordo
de qualquer esfera judicial é uma espécie de perdão mediante pagamento em
dinheiro, trabalhos sociais ou prisão. Mas esse não é foco desta discussão.
Enfim perdoar e pedir perdão, o que importância tem isso
para você? Quantos relacionamentos bons você perdeu só por não ter perdoado? E
quantos outros você perdeu por não ter pedido um perdão?
Por isso, que eu digo, eu estou sempre predisposto a
perdoar. Como também, estou sempre abandonando alguns pontos de vista para
pedir perdão. Seja numa situação ou em outra, se isso ocorrer de forma sincera,
permitindo e favorecendo mudança para melhor, que represente um crescimento
pessoal e que resgate os bons relacionamentos, por que não?
Não vou pedir desculpas se você não gostou do texto. Nesse
contexto, pedir perdão não se aplica. Este texto não está submetido a uma regra
e portanto não está sujeito a perdão.
Mas, se você me pedir desculpas, por não ter lido ainda um
dos meus textos do blog, então direi: “Tá bom, eu perdoo você, mas daqui em
diante deverá ler todos os textos toda a semana.”
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