Esta semana nosso País viveu no Rio de Janeiro a Jornada
Mundial da Juventude, um grande evento da Igreja Católica celebrado a cada 2 ou
3 anos em vários locais do mundo. O anterior havia sido em Madri na Espanha em
2011 e o próximo será em Cracóvia na Polônia em 2016, quando o Papa João Paulo
II será homenageado por sua canonização.
E já que manifestação está na moda, dururante a JMJ ocorreram algumas e sem grandes destaques
na mídia. Porém duas destas, e não estou aqui fazendo qualquer juízo sobre os manifestantes, vou aproveitar algumas delas para umas reflexões
dos seus fatores de motivação.
Uma destas foi a promovida pela s Atrizes de Rua num ato de
repúdio a visita do Papa, mostravam seus seios durante a manifestação. Uma das integrantes deste Grupo declarou: “Queremos
lembrar as pessoas que a Igreja Católica queimou muitas mulheres na fogueira.”
De fato, a Inquisição, embora não tenha sido uma prática exclusiva da Igreja
Católica, é algo a se envergonhar.
A Igreja Católica em 2000, através do Papa João Paulo II
pediu perdão pelos pecados do passado da Igreja Católica, e em específico sobre
a Inquisição o documento “Memória e Reconciliação: A Igreja e as culpas do
passado” registra o perdão da Igreja reconhecendo : “os erros cometidos a
serviço da verdade por meio o uso de métodos que não tem relação com a Palavra
do Senhor”.
Então as Atrizes de Rua que me desculpem, mas a manifestação
está atrasada pelo menos 13 anos.
Além disso, parece até que não prestaram atenção na mensagem
reformista do Papa Francisco com relação a alguns dogmas da Igreja e quanto ao
respeito as mulheres: “Não existe mãe solteira, existe mãe.”
A outra manifestação para destacar é da ATEA Associação
Brasileira de Ateus e Agnósticos, ONG séria e de respeito, com 9.000 sócios conforme
seu site e tem entre seus objetivos: “Promover o pensamento crítico e o método
científico”. Embora não sou ateu, também não gosto de associar atos criminosos
com a justificativa “isso é ausência de Deus” e prefiro explicações científicas
às religiosas.
Os manifestantes a ATEA utilizaram secador de cabelos para “desbatizar”
as pessoas. Essa manifestação não me pareceu compatível com os ideais da ATEA
registrados em seu próprio site, onde encontrei
citações com as quais concordo plenamente. Entendi que a ATEA não é contra a
religiosidade e sim contra preconceitos aos declaradamente ateus.
A ATEA parece estar consciente de que é difícil um religioso
parar de acreditar numa entidade divina através de argumentos.
Para o filósofo Thomas Hobbes no seu livro Leviatã, “A fé é um dom de Deus e Ele a dá a quem
escolher.” Então se você acredita em Deus, ou outras divindades é uma escolha
decorrente de diversos e complexos fatores, desde educação familiar, influência
social, experiências pessoais, entre outros.
No entanto, já que o ateísmo considerado pela ATEA é a
ausência da crença em qualquer divindade, então ela não deveria, na minha opinião,
aproveitar um evento Católico para “desbatizar” os batizados na fé cristã.
O outro ponto defendido pela ATEA nessa manifestação é pelo
secularismo, e aqui vou adotar como sendo a separação entre Igreja e Estado.
Ora, o Brasil, em que
pese, tenha em suas cédulas a inscrição “Deus seja louvado.”, e seja de grande
maioria religiosa, é um País, onde Igreja (seja ela qual for) e Estado são
separados e o ensino religioso não é obrigatório em nossas escolas.
Por isso, entendo que a manifestação da ATEA, não foi compatível com seus objetivos e aproveitou
a dimensão do evento para sua própria divulgação através da mídia.
O que tem em comum as “tetas” das atrizes e os “secadores”
dos ateus? Tem em comum o querer aproveitar a “onda” para se aparecer. Tem em comum uma dose de desrespeito a crença
de parte de uma população. Mas, era um evento internacional e grande cobertura
da mídia.
Considero que houve um desrespeito ao evento da JMJ pois não há notícias das Atrizes de Rua mostrando suas “tetas” em outras ocasiões ou locais onde
as mulheres são totalmente desrespeitada. Também não há registro da presença de
membros da ATEA na Marcha para Jesus, realizada em Junho deste ano na cidade de
São Paulo, com seus secadores “desbatizando” os evangélicos.
A minha argumentação e preocupação é que o desrespeito pode levar a intolerância e daí ao ódio. Acredito que as Atrizes de Rua e ATEA não pregam o desrsepeito, mas não foram suficientemente cuidadosos para evitar a interpretação contrária.
Contudo, como essas coisas inexplicáveis que acontecem a
nossa volta, o que ocorreu durante a JMJ parece ter sido como uma onda gigante
de um mar de amor e fé que engoliu, mesmo que somente por um curto período, as
pedras e arrecifes da intolerância e do ódio.
Assim religião a parte, encerro com a mensagem do Papa Francisco: "Cuidemos do nosso coração, porque é de lá que sai o que é de bom e de ruim, o que constrói e o que destrói."
Foto: Raquel Mello
Fontes: www.jornaldobrasil.com.br, www.folha.com.br, www.infoescola.com.br; www.veja.abril.com.br
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