Seja Bem Vindo

Este blog tem por objetivo expressar opinões, sentimentos, conselhos e emoções, como se estivesse conversando com amigos em um café ou em um descontraído boteco.

domingo, 4 de agosto de 2013

Deus Existe?



O principal objetivo do meu texto “O Papa, as Tetas e o Secador de Cabelos” era questionar o motivo de manifestações sem sentido e a falta de respeito a um grandioso evento e a uma autoridade religiosa. 
Entretanto, a menção do ateísmo, provocou uma manifestação relacionada a Deus. E evidente que não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para elaborar um texto com o questionamento: “Deus existe?”

Antes de iniciar, considerando a vasta gama de religiões e crenças, vamos delimitar sobre qual Deus está em questão. O Deus em questão é o do Judaísmo, Islamismo e Cristianismo. O Deus Criador do céu e da Terra, que defende o bem, combate o mal e interfere no mundo por meio de milagres.

A existência ou não desse Deus está em vários e vários anos e este texto não pretende por um fim nessa discussão devido a sua complexidade e também concordando com  São Tomás de Aquino, Padre, Teólogo e Filósofo (1221-1274) que dizia: “Para quem tem fé a explicação não é necessária. Para quem não tem fé, nenhuma explicação é suficiente.” Aliás, esta afirmativa é suficiente para não se discutir mais o tema.

René Descartes, Filósofo Francês (1596-1650) defendia que a verdade passa pelo crivo da razão e por isso se a razão não aceita alguma coisa esta não é verdadeira. Para ele a única coisa verdadeira é o pensamento. Ele também defendia que perfeição nasce da razão e portanto, a existência de ideia de perfeição nas nossas mentes seria a suficiente para crer na existência de um ser perfeito que podia ser chamado Deus.

Para o Filósofo Inglês, Thomas Hobbes, (1588-1679) adotava o conceito de materialismo, assim se algo é incorpóreo, então há negação de sua existência. Na leitura de seu livro Leviatã de 1651, a questão de existência de Deus, na minha interpretação parte do fato de se acreditar que esse Deus falou com Moisés, e na sequencia tivemos as Sagradas Escrituras, com isso, também era necessário acreditar que tais eram mesmo Sagradas. Além disso, é fundamental acreditar nas pessoas que divulgavam os ensinamentos destas Escrituras. Assim, na minha interpretação, a existência de Deus está na decisão de acreditar ou não acreditar.

O Filósofo Holandês Baruch Espinosa (1632-1677) defendia que Deus e Natureza são a mesma coisa. Com isso, todos somos partes de Deus, mas também as pedras e as formigas. Essa sua crença não foi bem aceita na sua época, sendo até expulso e excomungado pelo Rabino de sua sinagoga quando tinha 24 anos.
O episódio na vida de Espinosa me leva a acreditar que a discussão sobre Deus está sujeita a interferências da cultura  e da influência religiosa da época de quando ela é feita.

O outro lado da discussão, a não existência de Deus, por ironia, também depende da decisão de acreditar, uma vez que a ciência não reúne prova  para essa tese.

No site da  ATEA – Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, encontramos o conceito que adotam para Ateísmo e para o Agnosticismo. O ateísmo é em resumo a ausência da crença em quaisquer divindades. Entendo aqui então que a descrença é para tudo que seja denominado Deus e não somente ao que estamos discutindo.

O conceito da ATEA para o Agnosticismo  é a afirmação de desconhecimento a respeito da veracidade de uma proposição. O Agnóstico afirma que a questão da existência de divindades ainda não foi ou não pode ser decidida e embora esse conceito possa ser utilizado para qualquer afirmação, aqui é específica na questão de divindades.

Afinal Deus existe ou não existe? Difícil de responder não é? Eu em particular após diversas leituras filosóficas, tendo a acreditar que Deus é um ser perfeito o suficiente para não ser por vezes assim, tão perfeito. E isso para dar a chance de cada um que acredite Nele, ser parte Dele. Esta minha teoria é influência pelo conceito da Igreja Católica sobre a Santíssima Trindade que é Deus Pai, Filho e Espírito Santo. A partir do conceito de que Jesus Cristo, filho de Deus se fez homem e que todos somos filhos de Deus, então somos parte da Santíssima Trindade e nada nos impede de acreditar que somos Deus, ou que pelo menos Deus está em nós.

Contudo, ter Deus em você não o define como um ser perfeito. Assim, essa nossa imperfeição humana é o suficiente para não acreditar que não podemos ser Deus e daí, tomando os ensinamentos religiosos, podemos concluir de forma lógica, que Deus não existe.

Parece que voltamos a estaca zero da discussão.

Em 1972 o Grupo Os Mutantes, aquele mesmo da Rita Lee lançou a Balada do Louco, (Arnaldo Baptista e Rita Lee) esta música vem mais em nossa mente na voz do Ney Matogrosso, com o refrão “Eu juro que é melhor não ser um normal, se eu posso pensar que eu sou Deus.”

Desse refrão posso inferir que para acreditar na idéia de eu sou Deus, então preciso ser anormal. Curioso, não é?

Por mais que busquemos explicações o que temos como resposta é nossa decisão de acreditar ou não. Fora isso, não há nada que explique ou suporte tanto o conceito de existência quanto o conceito de inexistência.

Para a Romancista e Filósofa Americana Rebecca Goldstein, atualmente com 63 anos, em entrevista para a revista Veja em 2011 na divulgação do seu livro “36 Argumentos para a existência de Deus ou contra” lançado nesse mesmo ano, sobre discussão da crença ou descrença em Deus.

"Os ateus têm que acabar com o pedantismo. Eles não têm que ensinar como as pessoas religiosas devem pensar"

"As pessoas religiosas têm que parar de pensar que ateus são imorais e não sabem a diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado"

Essa discussão não terá fim, prova disso é que sobre o tema iniciei com São Tomas de Aquino, nascido em 
1221 e encerrei com a Rebecca, nascida em 1950, exatos 729 anos de diferença entre eles.

E já que a discussão não tem fim o que nos resta é adotar o respeito com as decisões de escolha de cada um e não ter adotar a resposta a essa questão como a definição do caráter de alguém, pois na verdade nem todos os crentes de Deus são praticantes de seus ensinamentos e por outro lado não é correto afirmar que todo criminoso não tem Deus no coração.

Foto: Meu arquivo pessoal, tirada em São Paulo, pôr do Sol em Janeiro de 2013.

Fontes de apoio: Discurso do Método Rene Descartas, Leviatã Thomas Hobbes, Uma breve história da Filosofia Nigel Warburton e Revista Veja.
Contato comigo por e-mail em silviohenriquemartins@hotmail.com


Um comentário: