Seja Bem Vindo

Este blog tem por objetivo expressar opinões, sentimentos, conselhos e emoções, como se estivesse conversando com amigos em um café ou em um descontraído boteco.

domingo, 25 de agosto de 2013

Verdade ou Mentira.




“Meu pai um dia me falou para que eu nunca mentisse. Mas ele também se esqueceu de me dizer a verdade” Este é um trecho da música Traumas de Roberto Carlos. Mas, o quanto nossos pais sabem sobre a verdade?

Seriam eles os nossos orientadores e formadores da verdade?  Quem nos garante a ausência de conveniências e sim a presença da mais pura verdade? O quanto é formado de verdade aquilo que aprenderam como verdade?

Além de nossos pais, temos um complexo sistema de influenciadores no nosso conceito de verdade e no seu inverso, no conceito de mentira. Esses influenciadores são todos os Educadores e Professores em nossas vidas, Orientadores Espirituais de qualquer religião que por ventura estamos inseridos, Políticos, Governantes, Mídia de todas as formas,

Você já parou para pensar que tudo o que nos foi passado até agora como verdade pode ser uma grande mentira?

Considerando que a Filosofia é o estudo de questões relacionada a nossa existência e à verdade não é de se espantar que muitos Filósofos foram mortos e banidos de seus meios sociais, em especial, pelo fato de que as questões filosóficas buscam respostas na razão e não em revelações divinas.

Você não precisa ser Filósofo para iniciar seus questionamentos sobre nossa existência. Em geral muitos de nós sempre fizemos nossas perguntas. No entanto, com o passar do tempo ficamos inibidos com a sua elaboração e também desanimados com as respostas que encontramos. Quantas vezes essas respostas 
foram: Isso não pode. Isso não é correto. Não é assim que se faz. Esse assunto não te interessa.

Esse complexo sistema de influenciadores o qual entendo existir para uma formação condicionada em nós sobre o que é verdade ou mentira mais se parece como uma droga de alienação.

Entendo que nossos pais não sabem o quanto nos prejudicam. Eles apenas nos transmitem o que receberam.  Para o Sociólogo Peter L. Berger em seu Livro de 1963, Perspectivas Sociólogicas, as gerações são reféns da geração anterior.

Além disso, certas verdades são aceitas devido ao conceito de “verdade por autoridade”, ou seja, basta acreditar que algo tem de ser verdade somente pelo fato dela ter sido dita por alguém que você acredita ser a autoridade no assunto.

Aristóteles, não o Filósofo e sim o famoso magnata grego nos anos 60 e 70 Aristóteles Onassis, teve a ele atribuída a seguinte frase: “Não ser descoberto numa mentira é o mesmo que dizer a verdade.”

Essa questão de verdade e mentira é muito polêmica e muitas vezes nem percebemos. Quer ver?

Ninguém  discute que os nazistas foram assassinos e causaram a morte de 6 Milhões de Judeus. A primeira verdade que a maioria nos passam é que os nazistas só mataram judeus. Mas, os judeus não foram suas únicas vítimas. Também estão incluídos de 200 mil a 500 mil ciganos e 275 mil alemães considerados doentes incuráveis.

Em relação aos nazistas, também não discussão e isso é aceito como verdade, ter sido o holocausto o maior crime contra a humanidade.

Em um ranking dos maiores crimes contra a humanidade em 8º lugar está a morte de 200 mil bósnios pelo exército sérvio, em 9º lugar 150 mil timorenses pelas milícias da Indonésia e em 10º lugar a morte pelos alemães de 65 mil hererós e 10 namquas na região onde hoje fica a Namíbia.

E onde fica classificada a morte de 140 mil japoneses em Hiroshima e 80 mil em Nagazaki? Somando essas duas cidades e sem contar com os que morreram pela radioatividade nos anos seguintes passamos dos 220 mil. Então no mínimo deveria constar em 8º desse ranking.

E outra questão, algum general americano, inglês ou canadense já responderam por crimes contra a humanidade por conta do lançamento das bombas atômicas no Japão?

Então nos passaram a verdade de que matar 220 mil japoneses era o correto. Então as demais mortes também estariam corretas.

Aqui o conceito de verdade é totalmente influenciado onde geográficamente você nasceu. Portanto, não há como afirmar o que é uma verdade, o que é uma mentira e muito menos diferencia-las com base em tudo que nos ensinaram até hoje.

Na questão religiosa cristã, quem nos garante que de fato Deus falou a Moisés. Aqui você acredita pois você acreditou na autoridade de quem transmitiu isso a você.

O Filósofo Thomas Hobbes, no seu Livro escrito em 1651, Leviatã, manifestava a sua preocupação com o ensinamento do que ele chamava de falsa filosofia, pois possuía o dom de não apenas esconder a verdade, mas também de fazer os homens pensarem que já a encontraram, e desistirem de continuar a buscá-la.

Você já parou para pensar que muitas histórias falsas e incertas fazem parte da sua formação, dos seus valores?

O que será verdade? Este texto é uma verdade? O que você tem como verdadeiro e ensina como verdadeiro é a verdade?

Essa é uma daquelas discussões que não terão fim no curto prazo e a exemplo de uma doença incurável precisamos saber como conviver com ela e quais remédios e ações devemos adotar para conviver e administras as influências dos sintomas dessa doença.

O que fazer então? A sugestão que ouso dar é:  cautela em aceitar tudo o que nos colocam como verdade e saber administrar os conceitos e suas influências em nossas vidas e lembrar da afirmação do Nietzche  “As convicções são inimigos da verdade bem mais perigosos que as mentiras.”

Por fim, seja cuidadoso com as verdades e com as mentiras definidas em você.


Fontes de consulta:

Foto: Ilusão de ótica disponível em www.tecmundo.com.br  Será que o fundo está girando? Está parado? E o meio da ilustração? Na verdade, está tudo parado, mas devido à disposição das esferas, a sensação que temos é de que está acontecendo uma movimentação de todo o material. Então o movimento que você vê é mentira.

domingo, 18 de agosto de 2013

A Dicotomia da Chicana



Esta semana a grande maioria dos brasileiros conheceu uma palavra escondida em nosso vocabulário: “Chicana”. A palavra pouco conhecida foi utilizada pelo atual Presidente do Supremo Tribunal Federal o Ministro Joaquim Barbosa e o Vice Presidente do STF, Ricardo Lewandowski

Na sessão do STF da última quinta feira, em meio ao debate Lewandowski sugere interromper a discussão sobre o recurso do ex deputado Bispo Rodrigues,  para reiniciá-la na semana seguinte quando então Barbosa foi contra.

“Presidente estamos com pressa de quê? Nós queremos fazer justiça.” Argumentou Lewandowski.
“Nós queremos fazer nosso trabalho. Fazer nosso trabalho e não chicana.” Contra respondeu o Ministro Barbosa.

Por mais estranha que a palavra possa parecer a sua utilização aqui foi no sentido de dificultar o andamento de um processo. Apenas isso, nada mais.
Contudo, como vivemos num momento político de dicotomia do grupo do “bem” e do grupo do “mau” e também pelo fato de que entre os réus da ação do Mensalão no STF estão presentes membros do grupo do “bem” a palavra “Chicana” ganhou dimensões acima do seu significado jurídico.

E lá se foram manifestações a favor do Barbosa e a favor do Lewandowski. Evidente que cada manifestação motivada não somente pela simpatia mas também pela preferência política de cada um em relação ao réus do mensalão.

Afinal, se você é membro do grupo do “bem” então você pode fazer de tudo para se perpetuar no poder. 
Pode até mesmo pagar uma mensalidade a sua base aliada. Você é do “bem” e pronto.

Aliás, essa dicotomia a qual somos sujeitos é ótima para nossos governantes sejam eles de que partido for. 

É muito comum agora nos separar em “menos favorecidos” e “mais favorecidos”, “miseráveis” e “não 
miseráveis” e também temos a dicotomia temporal: “Nunca antes na história deste país” como se nada de bom aconteceu em nosso País nunca antes do nunca antes.

Apenas um fato antes do nunca antes: O FGTS foi criado em 1966.

Agora a discussão da “Chicana” será aproveitada por outra dicotomia os que amam Barbosa e os que odeiam Barbosa.

E também dará oportunidade para outras entidades como a AMB – Associação dos Magistrados do Brasil que em nota repudiou a ação do Ministro Barbosa. No entanto, da mesma forma que a AMB critica que a atitude de Barbosa não contribuiu para o julgamento, ela também deveria ser mais isenta e identificar se de fato Lewandowski não praticou a “chicana” utilizando um pseudo argumento para dificultar e prorrogar o tempo do julgamento do mensalão.

Aqui entre nós , mesmo que os membros do Grupo do “Bem” do “nunca antes neste País” sejam condenados, duvido e até aposto com quem quiser que qualquer um deles passará se quer 3 noites seguidas na prisão.

Enfim, o que mais preocupa não é a palavra “chicana” aliás ela nunca fez falta para a maioria de nós no uso do nosso vocabulário, mas sim o seu uso inadequado e nada além disso. Em uma linguagem popular de futebol “chicana” é o mesmo que fazer “cera” só isso.

O que não podemos é aceitar que seja mais um argumento para dispersar a atenção de nossa população que através das discussões das sessões do STF sobre o mensalão percebeu que o País não está dividido em apenas dois grupos e que a história do Brasil não é, nunca foi e nunca será dividida entre nunca antes e após nunca antes.

Não podemos nos sujeitar e nos enquadrar em um dos argumentos do Sociólogo Brasileiro Roberto Da Matta em seu livro Carnavais Malandros e Heróis, publicado em 1978, ou seja, bem antes do nunca antes, onde registra: “Pode-se dizer que tanto bandidos quanto malandros ou renunciadores trazem para a luz do dia as possibilidades de realizar um caminho criativo, mas invertido, dentro a estrutura social”.

Aqui não estamos em defesa do Barbosa ou do Lewandowski, o que queremos é justiça, se os réus forem culpados que sejam condenados, se forem inocentes que sejam liberados das penalidades.

Mas na minha perspectiva os réus do mensalão estão cientes de seus atos e mesmo condenados por suas próprias consciências estou certo de que seguirão o conselho de Maquiavel em seu Livro o Príncipe do Século XVI: “A prudência, ela, consiste em saber-se reconhecer a extensão dos inconvenientes e tomar por bom o que é menos ruim.”

A nossa história é muito mais rica e nosso futuro é muito mais abrangente do que apenas uma divisão entre o que nos informam ser o “bem” e o que nos informam ser o “mau”.

Quero dedicar este texto a um amigo que embora sua opção política e futebolística é uma dicotomia em relação as minhas preferências para mostrar que como seres humanos estamos acima de simples classificações, Marcos Roberto Lupis este texto é dedicado a você e nossa amizade.

Fontes de pesquisa:
  • http://g1.globo.com/politica/mensalao/noticia/2013/08/barbosa-acusa-lewandowski-de-fazer-chicana-e-ministro-cobra-retratacao.html
  • http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1327463-associacoes-de-magistrados-criticam-joaquim-barbosa-por-discussao-com-lewandowski.shtml
  • http://www.dicio.com.br/dicotomia/
Foto: www.opovo.com.br

domingo, 11 de agosto de 2013

Dia dos Pais



É comum ao ser humano pensar e até acreditar que todos vivem como ele individualmente vive e até mesmo o que sente em termos do conceito de felicidade.

Este sentimento que de individual fica cego para o coletivo é mais comum em datas comemorativas: Natal, Ano Novo, Dias das Mães e como o de hoje no Brasil: Dia dos Pais.

De imediato, se temos nosso pai vivo, nos espantamos com que já não o tem. Se ao contrário, não temos mais nosso pai vivo, além da tristeza chegamos a questionar o que estão comemorando?

Para o torcedor corintiano, Marco Aurélio, preso na Bolívia desde fevereiro e libertado recentemente junto com os outros torcedores presos, este com certeza será um inesquecível Dia dos Pais.

Para o pai do Kevin, jovem morto em Oruro, o Dia dos Pais, comemorado na Bolívia em 19 de Março, foi de esquecer e difícil de passar, pois foi o primeiro sem seu filho.

O que dizer diante desses opostos? Hoje é dia de festa em família, não é?

Limbert Beltran, o pai do Kevin, jamais terá um dia sequer para comemorar algo sem presença dor da ausência do filho.

No Fantástico da Globo no último domingo, o Sr Limbert declarou “Os sete anteriores nos magoaram muito porque saíram como se tivessem ganhado a Copa do Mundo, bandeira brasileira, pulando, gritando, e isso doeu. Que estes cinco quando sairem, saiam alegres porque estão tendo a sua liberdade, que se reencontrem, chorem, porque vão encontrar com suas famílias, mas que não exagerem. Eles serão consolados, vão encontrar os que amam. Mas eu não, já não tenho nada”.

Em tempo:  é difícil escrever algo envolvendo futebol, talvez se corintiano fosse, minhas palavras fossem mais comedidas. Não quero que parecer anti corintiano. Provavelmente se tivessem sido os torcedores do meu São Paulo, meu texto seguisse esse mesmo caminho. O meu posicionamento tem sido no sentimento do pai. Aqui também não estou considerando o Sr Limbert um santo e isento a outras culpas. Aqui me detendo ao sentimento de pai, só isso.

O Sr Limbert tem sido muito equilibrado frente a sua perda. Por outro lado, nossos representantes da mídia praticamente transformaram os corintianos presos como coitadinhos.

Os torcedores presos culpados ou não, são de longe coitadinhos. Eles não representam a nação corintiana, e tão pouco a Nação Brasileira. Não são heróis e portanto não fica adequado descrever o que passaram como “a saga”.

É evidente que o responsável pelo disparo que matou Kevin não o teria feito se soubesse de antemão as consquencias de seu ato. Porém, parece que na sequencia o que se viu foi algo parecido com o que o Prof de Sociologia da Universidade da Califórnia, Erving Goffman discute em seu livro A Representação do Eu na Vida Cotidiana, publicado em 1959, para proteção da comunidade assistimos a uma grande encenação onde desviamos do assassinato para o precisamos salvar a nação brasileira contra as maldades bolivianas e tendo como grande final a triunfante chegada dos últimos presos.

O pior é ter de ouvir um jornalista formador de opinião, profissional de uma das maiores emissoras de rádio do Brasil, corintiano, insinuar que para a família de Kevin o caso era simples de ser resolvido com o pagamento dos US$ 50 mil.

Esse jornalista que está tendo seu primeiro Dias dos Pais junto a seu filho recém nascido, no mínimo foi sem noção de sentimento de perda e respeito ou foi cego pela paixão do futebol.

O ainda pior é nos colocar a idéia de que estes são os todos os brasileiros presos no exterior.  De acordo com o artigo da repórter da Agência Brasil, Renata Giraldi, repórter,  publicado no dia 07 de maio de 2013, são 3.078 este número na ocasião considerava os 12 corintianos.

Alguém contou isso para antes para você? 

Quem está ajudando esses brasileiros? De acordo com recente pesquisa divulgada no Globo Esporte, cerca de 35% dos entrevistados eram corintianos. Se aplicar esse percentual aos 3.078 presos teremos em torno de 1.000 corintianos. Será que recebem uma fiel ajuda nos custos com advogados? O Governo Federal certamente trabalha em todos esses casos com a mesma força dedicada aos presos na Bolívia, ou eles precisam suplicar ao Suplicy?

Todos os torcedores corintianos presos na Bolívia agora estão soltos. Aliás, que seriam soltos eu mesmo já havia previsto no meu texto “Limbert Beltran, o condenado da tragédia de Oruro” publicado em 07 de Abril de 2013.

O que não podemos é aceitar que a partir disso todos os Pais, no mundo inteiro, agora estão felizes e todos os problemas e injustiças acabaram.

Precisamos sim, comemorar todas as datas bem como celebrar todo o dia de vida que temos, mas não baixar a guarda da nossa atenção ao que nos cerca e ter sempre alerta o nosso “desconfiômetro”.

Dedico este texto ao meu querido pai, Sr Salvador Henrique Martins, pai de 5 filhos, que lhe presentearam com 7 Netos e 2 Bisnetos. Dedico também à memória do meu sogro, Sr Jaworski Tadeusz,  pai de 5 Filhos, 4 Netos e 2 Bisnetos.

Foto: meu arquivo pessoal.

Fontes de consulta para este texto:
  • Agência Brasil: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-07/mais-de-3-mil-brasileiros-estão-presos-no-exterior-maioria-na-europa
  • www.boliviacultural.com.br

domingo, 4 de agosto de 2013

Deus Existe?



O principal objetivo do meu texto “O Papa, as Tetas e o Secador de Cabelos” era questionar o motivo de manifestações sem sentido e a falta de respeito a um grandioso evento e a uma autoridade religiosa. 
Entretanto, a menção do ateísmo, provocou uma manifestação relacionada a Deus. E evidente que não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para elaborar um texto com o questionamento: “Deus existe?”

Antes de iniciar, considerando a vasta gama de religiões e crenças, vamos delimitar sobre qual Deus está em questão. O Deus em questão é o do Judaísmo, Islamismo e Cristianismo. O Deus Criador do céu e da Terra, que defende o bem, combate o mal e interfere no mundo por meio de milagres.

A existência ou não desse Deus está em vários e vários anos e este texto não pretende por um fim nessa discussão devido a sua complexidade e também concordando com  São Tomás de Aquino, Padre, Teólogo e Filósofo (1221-1274) que dizia: “Para quem tem fé a explicação não é necessária. Para quem não tem fé, nenhuma explicação é suficiente.” Aliás, esta afirmativa é suficiente para não se discutir mais o tema.

René Descartes, Filósofo Francês (1596-1650) defendia que a verdade passa pelo crivo da razão e por isso se a razão não aceita alguma coisa esta não é verdadeira. Para ele a única coisa verdadeira é o pensamento. Ele também defendia que perfeição nasce da razão e portanto, a existência de ideia de perfeição nas nossas mentes seria a suficiente para crer na existência de um ser perfeito que podia ser chamado Deus.

Para o Filósofo Inglês, Thomas Hobbes, (1588-1679) adotava o conceito de materialismo, assim se algo é incorpóreo, então há negação de sua existência. Na leitura de seu livro Leviatã de 1651, a questão de existência de Deus, na minha interpretação parte do fato de se acreditar que esse Deus falou com Moisés, e na sequencia tivemos as Sagradas Escrituras, com isso, também era necessário acreditar que tais eram mesmo Sagradas. Além disso, é fundamental acreditar nas pessoas que divulgavam os ensinamentos destas Escrituras. Assim, na minha interpretação, a existência de Deus está na decisão de acreditar ou não acreditar.

O Filósofo Holandês Baruch Espinosa (1632-1677) defendia que Deus e Natureza são a mesma coisa. Com isso, todos somos partes de Deus, mas também as pedras e as formigas. Essa sua crença não foi bem aceita na sua época, sendo até expulso e excomungado pelo Rabino de sua sinagoga quando tinha 24 anos.
O episódio na vida de Espinosa me leva a acreditar que a discussão sobre Deus está sujeita a interferências da cultura  e da influência religiosa da época de quando ela é feita.

O outro lado da discussão, a não existência de Deus, por ironia, também depende da decisão de acreditar, uma vez que a ciência não reúne prova  para essa tese.

No site da  ATEA – Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, encontramos o conceito que adotam para Ateísmo e para o Agnosticismo. O ateísmo é em resumo a ausência da crença em quaisquer divindades. Entendo aqui então que a descrença é para tudo que seja denominado Deus e não somente ao que estamos discutindo.

O conceito da ATEA para o Agnosticismo  é a afirmação de desconhecimento a respeito da veracidade de uma proposição. O Agnóstico afirma que a questão da existência de divindades ainda não foi ou não pode ser decidida e embora esse conceito possa ser utilizado para qualquer afirmação, aqui é específica na questão de divindades.

Afinal Deus existe ou não existe? Difícil de responder não é? Eu em particular após diversas leituras filosóficas, tendo a acreditar que Deus é um ser perfeito o suficiente para não ser por vezes assim, tão perfeito. E isso para dar a chance de cada um que acredite Nele, ser parte Dele. Esta minha teoria é influência pelo conceito da Igreja Católica sobre a Santíssima Trindade que é Deus Pai, Filho e Espírito Santo. A partir do conceito de que Jesus Cristo, filho de Deus se fez homem e que todos somos filhos de Deus, então somos parte da Santíssima Trindade e nada nos impede de acreditar que somos Deus, ou que pelo menos Deus está em nós.

Contudo, ter Deus em você não o define como um ser perfeito. Assim, essa nossa imperfeição humana é o suficiente para não acreditar que não podemos ser Deus e daí, tomando os ensinamentos religiosos, podemos concluir de forma lógica, que Deus não existe.

Parece que voltamos a estaca zero da discussão.

Em 1972 o Grupo Os Mutantes, aquele mesmo da Rita Lee lançou a Balada do Louco, (Arnaldo Baptista e Rita Lee) esta música vem mais em nossa mente na voz do Ney Matogrosso, com o refrão “Eu juro que é melhor não ser um normal, se eu posso pensar que eu sou Deus.”

Desse refrão posso inferir que para acreditar na idéia de eu sou Deus, então preciso ser anormal. Curioso, não é?

Por mais que busquemos explicações o que temos como resposta é nossa decisão de acreditar ou não. Fora isso, não há nada que explique ou suporte tanto o conceito de existência quanto o conceito de inexistência.

Para a Romancista e Filósofa Americana Rebecca Goldstein, atualmente com 63 anos, em entrevista para a revista Veja em 2011 na divulgação do seu livro “36 Argumentos para a existência de Deus ou contra” lançado nesse mesmo ano, sobre discussão da crença ou descrença em Deus.

"Os ateus têm que acabar com o pedantismo. Eles não têm que ensinar como as pessoas religiosas devem pensar"

"As pessoas religiosas têm que parar de pensar que ateus são imorais e não sabem a diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado"

Essa discussão não terá fim, prova disso é que sobre o tema iniciei com São Tomas de Aquino, nascido em 
1221 e encerrei com a Rebecca, nascida em 1950, exatos 729 anos de diferença entre eles.

E já que a discussão não tem fim o que nos resta é adotar o respeito com as decisões de escolha de cada um e não ter adotar a resposta a essa questão como a definição do caráter de alguém, pois na verdade nem todos os crentes de Deus são praticantes de seus ensinamentos e por outro lado não é correto afirmar que todo criminoso não tem Deus no coração.

Foto: Meu arquivo pessoal, tirada em São Paulo, pôr do Sol em Janeiro de 2013.

Fontes de apoio: Discurso do Método Rene Descartas, Leviatã Thomas Hobbes, Uma breve história da Filosofia Nigel Warburton e Revista Veja.
Contato comigo por e-mail em silviohenriquemartins@hotmail.com