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domingo, 18 de agosto de 2013

A Dicotomia da Chicana



Esta semana a grande maioria dos brasileiros conheceu uma palavra escondida em nosso vocabulário: “Chicana”. A palavra pouco conhecida foi utilizada pelo atual Presidente do Supremo Tribunal Federal o Ministro Joaquim Barbosa e o Vice Presidente do STF, Ricardo Lewandowski

Na sessão do STF da última quinta feira, em meio ao debate Lewandowski sugere interromper a discussão sobre o recurso do ex deputado Bispo Rodrigues,  para reiniciá-la na semana seguinte quando então Barbosa foi contra.

“Presidente estamos com pressa de quê? Nós queremos fazer justiça.” Argumentou Lewandowski.
“Nós queremos fazer nosso trabalho. Fazer nosso trabalho e não chicana.” Contra respondeu o Ministro Barbosa.

Por mais estranha que a palavra possa parecer a sua utilização aqui foi no sentido de dificultar o andamento de um processo. Apenas isso, nada mais.
Contudo, como vivemos num momento político de dicotomia do grupo do “bem” e do grupo do “mau” e também pelo fato de que entre os réus da ação do Mensalão no STF estão presentes membros do grupo do “bem” a palavra “Chicana” ganhou dimensões acima do seu significado jurídico.

E lá se foram manifestações a favor do Barbosa e a favor do Lewandowski. Evidente que cada manifestação motivada não somente pela simpatia mas também pela preferência política de cada um em relação ao réus do mensalão.

Afinal, se você é membro do grupo do “bem” então você pode fazer de tudo para se perpetuar no poder. 
Pode até mesmo pagar uma mensalidade a sua base aliada. Você é do “bem” e pronto.

Aliás, essa dicotomia a qual somos sujeitos é ótima para nossos governantes sejam eles de que partido for. 

É muito comum agora nos separar em “menos favorecidos” e “mais favorecidos”, “miseráveis” e “não 
miseráveis” e também temos a dicotomia temporal: “Nunca antes na história deste país” como se nada de bom aconteceu em nosso País nunca antes do nunca antes.

Apenas um fato antes do nunca antes: O FGTS foi criado em 1966.

Agora a discussão da “Chicana” será aproveitada por outra dicotomia os que amam Barbosa e os que odeiam Barbosa.

E também dará oportunidade para outras entidades como a AMB – Associação dos Magistrados do Brasil que em nota repudiou a ação do Ministro Barbosa. No entanto, da mesma forma que a AMB critica que a atitude de Barbosa não contribuiu para o julgamento, ela também deveria ser mais isenta e identificar se de fato Lewandowski não praticou a “chicana” utilizando um pseudo argumento para dificultar e prorrogar o tempo do julgamento do mensalão.

Aqui entre nós , mesmo que os membros do Grupo do “Bem” do “nunca antes neste País” sejam condenados, duvido e até aposto com quem quiser que qualquer um deles passará se quer 3 noites seguidas na prisão.

Enfim, o que mais preocupa não é a palavra “chicana” aliás ela nunca fez falta para a maioria de nós no uso do nosso vocabulário, mas sim o seu uso inadequado e nada além disso. Em uma linguagem popular de futebol “chicana” é o mesmo que fazer “cera” só isso.

O que não podemos é aceitar que seja mais um argumento para dispersar a atenção de nossa população que através das discussões das sessões do STF sobre o mensalão percebeu que o País não está dividido em apenas dois grupos e que a história do Brasil não é, nunca foi e nunca será dividida entre nunca antes e após nunca antes.

Não podemos nos sujeitar e nos enquadrar em um dos argumentos do Sociólogo Brasileiro Roberto Da Matta em seu livro Carnavais Malandros e Heróis, publicado em 1978, ou seja, bem antes do nunca antes, onde registra: “Pode-se dizer que tanto bandidos quanto malandros ou renunciadores trazem para a luz do dia as possibilidades de realizar um caminho criativo, mas invertido, dentro a estrutura social”.

Aqui não estamos em defesa do Barbosa ou do Lewandowski, o que queremos é justiça, se os réus forem culpados que sejam condenados, se forem inocentes que sejam liberados das penalidades.

Mas na minha perspectiva os réus do mensalão estão cientes de seus atos e mesmo condenados por suas próprias consciências estou certo de que seguirão o conselho de Maquiavel em seu Livro o Príncipe do Século XVI: “A prudência, ela, consiste em saber-se reconhecer a extensão dos inconvenientes e tomar por bom o que é menos ruim.”

A nossa história é muito mais rica e nosso futuro é muito mais abrangente do que apenas uma divisão entre o que nos informam ser o “bem” e o que nos informam ser o “mau”.

Quero dedicar este texto a um amigo que embora sua opção política e futebolística é uma dicotomia em relação as minhas preferências para mostrar que como seres humanos estamos acima de simples classificações, Marcos Roberto Lupis este texto é dedicado a você e nossa amizade.

Fontes de pesquisa:
  • http://g1.globo.com/politica/mensalao/noticia/2013/08/barbosa-acusa-lewandowski-de-fazer-chicana-e-ministro-cobra-retratacao.html
  • http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1327463-associacoes-de-magistrados-criticam-joaquim-barbosa-por-discussao-com-lewandowski.shtml
  • http://www.dicio.com.br/dicotomia/
Foto: www.opovo.com.br

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