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domingo, 1 de setembro de 2013

Você sabe com quem está falando?



Na Constituição Brasileira, somos todos iguais perante a lei. Mas, o que não é igual são os advogados contratados pelos brasileiros.

Esta diferença entre os advogados que você pode contratar é uma das formas do “Você sabe com quem está falando?”  que é na minha opinião a realidade de muitas sociedades, incluindo a nossa.

Você não é igual a todos. E mesmo que fosse, tem muita gente querendo ser e se achando ser superior a você.

Embora você não escute palavra por palavra a frase “Você sabe com quem está falando?” com certeza você ouve essa frase todos os dias e em várias situações.

Seja um político saindo ileso de uma condenação criminal, seja um manifestante danificando patrimônio alheio, seja um superior hierárquico, seja um estranho considerando ser superior a você, e muitas outras situações, cá entre nós, você ouve essa frase, mesmo quando não proferida palavra por palavra.

E o que você sente ouve? Ódio? Temor? Sentimento normal. É tão normal que para o Filósofo Nicolau 
Maquiavel declarava “É melhor ser temido do que ser amado.”

E não estou aqui querendo bancar o coitadinho. Com certeza, em algumas situações também nos colocamos em posição superior a de alguém e transmitimos a frase “Você sabe com quem está falando?”

O Sociólogo Roberto da Matta, em seu Livro Carnavais, Malandros e Heróis, registra que essa “mania” ocorre em todas as classes, destacando seu estudo onde até empregadas domésticas se utilizam dessa fórmula, identificando-se como suas patroas, colocando-se num ponto acima das pessoas, na base do “Eu trabalho para a Dona Tal.”

É evidente que se nitidamente alguém sabe ou sente é superior socialmente a você, seja qual for o tipo de relação tenham, as chances de você ser humilhado é bem maior.

Eu em particular, tenho plena certeza de que se fosse de uma classe social superior a que atualmente ocupo seria muito mais respeitado. E aqui não importaria o quão sou bom como pessoa ou como profissional. Bastaria ser de uma condição social considerada “alta” para ser mais respeitado.

Eu aposto com quem quiser, que quem tem situação social de alto nível se preocupa com o ditado popular: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo.”

É frases como “Quem você pensa quem é?”, “Onde você pensa que está?” além de muitas outras que ouvimos e sentimos diariamente para nos “enquadrar” na posição inferior de quem está lhe dizendo.
E com um triste detalhe:  Por melhor que seja a Legislação Brasileira, que prevê indenizações por danos morais e outros argumentos a seu favor, até você conseguir provar que está sendo humilhado é difícil. Em geral, o seu “humilhador” é cuidadoso ou “joga” com sua incapacidade de enfrentá-lo.

E também não vem aqui o caso de que Deus julgará, ou outras situações divinas. Não existe uma regra de castigo divino para um humilhador alheio.

O que existe é uma grande guerra não declarada por poder e cobiça, por vontades materiais das mais variadas formas, seja por assaltante na rua dizendo “É um assalto.” seja por um estranho dizendo “Você sabe com quem está falando.” seja por um superior no seu trabalho, dizendo “Eu estou mandando.” 

Estamos sempre sendo vítimas e as vezes o agente humilhador nessa complexa sociedade de classes e desse jogo pelo poder, seja ele do tamanho e da abrangência que for.


Quem sabe as pessoas abandonem essa guerra social e atendam as ideias do Filósofo Boécio (475-525) que dizia: “Riquezas, poder e honra não tem valor, pois podem ir e vir. A felicidade deve vir de algo mais sólido, algo que não pode ser levado embora.”

Foto: Capa da Revista Veja de Junho de 2009.

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