Em 31 de Dezembro de 2012 publiquei o texto Feliz 2013 onde
comento sobre as reflexões e planos que fazemos no final do ano.
No texto coloco que atuaria como um vendedor atrás das
metas, sendo a principal delas, ser Feliz todos os dias. Mas, acho que preciso
ajustar as metas. Já se vai o primeiro trimestre e quando comecei a escrever
este duvidei a acreditar que já se foram quase 90 dias de 2013, e em termos
matemáticos já se foi 25% do ano.
Nos primeiros 90 dias de 2013 tive alguns felizes, mas ainda
não foi dentro das expectativas de final de ano. Seria tão difícil ser feliz?
Eu que já questionei a existência da felicidade, volto a perguntar: Será que
ela existe mesmo? Quanto tempo o homem vive buscando ser feliz. Para muitos
filósofos, poetas e compositores, entre estes o também cantor brega Odair José “Felicidade
não existe o que existe na vida são momentos felizes.” (ficou curioso visite: http://letras.mus.br/odair-jose/357667/).
Então precisamos potencializar os momentos felizes e fazer
com que sejam em maior quantidade que os demais momentos. Simples, não? Pois é,
essa é a questão. Isso não é tão simples assim.
Por vezes questiono como conseguir estes momentos felizes se
praticamente tudo o que interfere nisso não depende apenas de decisões ou
escolhas próprias.
Boa parte, e talvez a maior parte da nossa vida é
interferência de fatores externos. Acredito muito que nós somos levados pela
casualidade dos fatos. Entendo aqui casualidade como uma sequencia de fatos
fora do nosso controle e que nos carregam. Se por onde nos carregar for de
nosso agrado estaremos felizes. Se contrário, não estaremos felizes.
A casualidade não vê cara, coração, merecimento, ela é imune
a emoção. É um carro sem controle, anda e para, acelera e desacelera por vontade
própria como um ser, porém sem vida.
Talvez o mundo seja na verdade uma sequência de casualidades
na qual você faz parte e conforme o local e data do seu nascimento você já
estará com toda a sua existência definida. Exceto é claro, se a casualidade
resolver alterar seu destino.
A melhor forma de visualizar a casualidade é nas grandes tragédias,
como a da boate Kiss, de acidentes aéreos, atentados, enfim das que registram
centenas de mortes. O que todos os mortos tinham de comum? Tinham de comum a
casualidade de estarem juntos no momento da tragédia. Quem entre eles era o
melhor em caridade, humildade, inteligência? Quem entre eles era mais
desonesto, vagabundo, ladrão? Nada disso importa, todos igualmente morreram
juntos, por mera casualidade.
Sim casualidade. Cada um com a sua, mas todos com a casualidade de estarem lá, naquele dia, naquela hora, independente de suas próprias vontades, de suas habilidades, qualidades, de seus defeitos, enfim nada, absolutamente nada de seus passados bons ou maus interferiu no momento de casualmente estarem lá e morrerem todos por um capricho da casualidade. A grande dominadora de nossas vidas.
O filósofo Immanuel Kant registra “o tempo passado não está
mais em meu poder, cada ação que pratico tem que ser necessária mediante
fundamentos determinantes que não estão em meu poder” e conclui “jamais sou
livre no momento em que ajo” e confirma “estou sempre sob a necessidade de ser
determinado a agir mediante aquilo que não está em meu poder”
Então temos agora mais um fato complicador para encontrar os
momentos felizes. Além de serem raros,
nossas ações não são independentes e
ainda tem uma tal casualidade fora de nossos controles.
Então será que minha meta para 2013 precisa ser revista, já
que felicidade é algo assim tão difícil? Não, não vou rever minhas metas, vou é
renova-las. Temos ainda mais 3 trimestres de 2013 e continuo no desejo de fazer
cada dia um dia feliz. O que preciso é encontrar meios de tentar ser pelo menos
um pouco independente da casualidade ou tentar fazer com que ela caminhe a meu
favor.
Ainda citando Kant, “Felicidade é o estado de um ente
racional no mundo para o qual, no todo de sua existência, tudo se passa segundo
seu desejo e vontade e depende, pois, da concordância da natureza com todo o seu
fim.”
Esse Kant já está me irritando... mas, eu aprecio seus
pensamentos. Aliás me levam a acrescentar mais um desafio para atingir a meta
de 2013: procurar um entendimento e alinhamento com a natureza. Talvez ela se relacione bem com a senhora casualidade.
Feliz próximos 3 trimestres de 2013. Forte abraço a todos.
Citações de Immanuel Kant, em Crítica da Razão Prática.
Foto: Tirada por mim em 22/03/13 da fachada de um edifício
em São Paulo.
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