Neste ano, as celebrações da Semana Santa serão em Março,
precisamente dia 29/03. A Igreja Católica tem esse dia como o mais triste de
seu calendário, quando é celebrada a Morte de Jesus. O dia é reservado para o
recolhimento e reflexão sobre o sofrimento de Jesus.
O sofrimento de Jesus chega a um extremo de desespero tal o
suficiente para gritar nos seus últimos momentos em vida: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Mt 27, 46.
Jesus no seu último momento de vida questionava a não
intervenção de seu Pai. Naquele momento nada e ninguém poderia ajudar. Ali
Jesus não somente se viu, como também teve de aceitar que estava completamente
abandonado e sem forças próprias para alterar o curso natural para a sua morte.
E aqui não está sendo proposta uma discussão teológica da
Paixão e Morte de Jesus, o que proponho é um ensaio sobre as situações vividas
quando o nosso sentimento é de puro desespero e consciência de total abandono.
A quem recorrer nessa hora, se em tese estamos sofrendo por
uma determinação divina, afinal nos ensinam que Deus escreve certo por linhas
tortas.
Até que ponto o sofrimento, o momento de ausência de
perspectiva de mudança do estado de dor e dúvida pode nos levar a entender que
este será o último ou mais um de uma séria finita dentro de nossa vida?
Freud expressou: “Agradeço a vida por nada ter sido fácil
para mim.”, e Nietzsche vai um pouco além ao afirmar: “O que não nos mata nos
fortalece.”
À Buda é dada a autoria da frase “A dor é inevitável, mas o
sofrimento é opcional.”
Agora, já que nunca sabemos se o sofrimento atual será o
último e se assim for tanto faz sofrer muito ou pouco, afinal vamos morrer
mesmo, entendo que o único caminho para enfrentar o sofrimento, aquele
interminável momento de dor e angústia é acreditar que ele não será o último.
O passo seguinte é saber medir sua intensidade o quanto é de
fato sofrido o que está sendo imposto a nós. Por vezes sofremos muito mais por
questões subjetivas, por leis e ideologias sem autores ou registros na
base do:
“sempre foi assim.”
Não podemos sofrer exageradamente, ou seja, não podemos
potencializar o sofrimento. A situação, circunstância, cenário, tudo que nos
cerca já nos entregou uma boa dose de imposições alheias a nossa vontade, então
por que aumentar a intensidade do sofrer?
Em sequencia, após um bom desprezo na intensidade do
sofrimento, sem obviamente, ser displicente, precisamos encontrar uma
estratégia de enfrentamento. O ideal é pensar: “sofrimento é igual a problema” e “problemas
existem para serem resolvidos.”
E não sendo simplista, você pode através do seu desprezo ao
sofrimento, enxergá-lo de forma a compreende-lo. A essa altura a solução ou o
final do problema já está chegando ao fim.
E tão logo você resolva, lá vem outro. Mas, dessa vez, você
está maior em seu interior, está mais vivido,
mais esperto e talvez nem tenha
mais o conceito de sofrer e sim a coragem de resolver .
E Deus onde está para não te abandonar? Deus está em você. E
vou mais longe ainda: quando você pensar: “Meus Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?” Reflita se o primeiro a lhe abandonar não foi você mesmo.
Um abraço a todos.
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